A CPI da Pandemia aprovou nesta quarta-feira (15/9) a convocação da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) Ana Cristina Siqueira Valle para depor sobre sua suposta participação no lobby em favor da Precisa Medicamentos.
O requerimento para oitiva foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O único que votou contra a convocação foi o senador Marcos Rogério (DEM-RO).
A CPI quer saber detalhes da participação de Ana Cristina na negociação com a Precisa para a compra da vacina indiana Covaxin. Segundo Alessandro Vieira, há indícios de crimes nas tratativas.
Um dos motivos para a aprovação da convocação da ex-mulher de Bolsonaro foi a proximidade que tem do depoente desta quarta, o empresário e advogado Marconny Albernaz. Amigo de Ana Cristina e do filho 04 do presidente, Jair Renan, ele é apontado pela CPI como lobista da Precisa e de outros negócios irregulares no Ministério da Saúde.
Mensagens obtidas pela CPI da Covid revelam negociações entre a ex-mulher de Bolsonaro e Marconny para emplacar uma indicação no Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão ligado ao Ministério da Saúde no Pará, em 2020. O conteúdo foi encontrado no celular do empresário, apreendido em operação federal.
Reta final
O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), confirmou na manhã desta quarta-feira que os trabalhos de investigação deverão ser encerrados até o final deste mês. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), já tinha anunciado sua intenção de apresentar o relatório final até o dia 24 de setembro. O vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a CPI deverá realizar ainda mais quatro oitivas.
A ideia de Randolfe é que sejam ouvidos ainda a ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle; o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Élcio Franco; além das funcionárias da VTCLog, Andréia Lima e Zenaide Silva. Ainda está em estudo a coleta do depoimento da advogada do presidente Bolsonaro, Karina Kufa, na próxima semana.
Nesta semana serão ouvidos ainda o advogado Danilo Trento, apontado como “laranja” e “atravessador” da Precisa Medicamentos, e um representante da Prevent Sênior sobre a denúncia de médicos que afirmam terem sido obrigados a receitar aos seus pacientes internados no hospital da empresa medicamentos não comprovados cientificamente e defendidos pelo presidente Bolsonaro como uma forma de oferecer um “tratamento precoce” ineficaz contra a Covid.