Felipe Recondo

Kalleo Coura

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<td>A reportagem foi alterada às 22h47 de 20 de agosto de 2020 para inclusão de nota enviada pela JBS</td>
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O advogado Frederico Wassef reuniu-se, no final do ano passado, com o Grupo de Trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República para tratar do acordo de delação firmado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista e outros executivos da JBS.
O acordo está sob ameaça, pois houve decisão por rescindi-lo ainda em 2017. O tema ainda depende de  julgamento pelo plenário do Supremo Tribunal Federal . Wassef teria ido à PGR para tratar exatamente deste tema.
<a href="https://conteudo.jota.info/risco-politico" target="_blank" rel="noopener noreferrer"><img class="aligncenter wp-image-244336 size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2020/04/cta-risco-politico.png" alt="" width="1080" height="1080" /></a>
Wassef, de acordo com integrantes do MPF, procurou o grupo para tratar de uma repactuação, considerando os benefícios que a JBS teria trazido com a delação dos executivos. Ou seja, Wassef estaria trabalhando para que a PGR desistisse do pedido de rescisão.
Wassef era advogado de Jair Bolsonaro. E, de acordo com matéria publicada nesta quarta-feira (20/8) pela revista Crusoé, Wassef teria recebido R$ 9 milhões da empresa, sem explicar, ainda conforme a publicação, a razão dos pagamentos.
Wassef se reuniu com o coordenador da Lava Jato no início da gestão de Augusto Aras, o subprocurador-geral da República José Adonis Callou de Araújo Sá. Junto com ele, na mesma sala, estava a procuradora Clara Noleto, que também integrava o Grupo de Trabalho, mas que recentemente, em meio à crise interna na PGR, deixou o grupo.
A assessoria de Aras diz que Wassef esteve na PGR para uma visita de cortesia logo depois que ele foi empossado no comando do Ministério Público. Mas diz desconhecer a ida de Wassef para falar do acordo firmado com a JBS com os assessores que cuidavam da Lava Jato.
Contudo, os procuradores afirmam que Wassef só foi recebido porque houve pedido nesse sentido diretamente do gabinete de Aras.
Na reunião, Wassef foi questionado se tinha procuração nos autos do processo para falar em nome da JBS. A resposta, de acordo com os procuradores, foi negativa. Ele estaria providenciando ainda a papelada.
A conversa, porém, foi rápida, pois o assunto - a manutenção do acordo com a JBS - estava sob os cuidados do subprocurador-geral da República José Bonifácio de Andrada, que tinha competência para atuar junto ao Supremo Tribunal Federal.
Desde que o acordo foi firmado, suspeitas de envolvimento de um dos integrantes da equipe do então PGR Rodrigo Janot, além de suspeitas de omissão de informações, levaram os investigadores a reavaliarem as negociações.
A PGR chegou a rescindir o acordo, mas essa decisão foi suspensa - até decisão do STF - pelo ministro Edson Fachin. Relator do caso, Fachin já liberou o processo para a pauta do plenário e pediu prioridade para o julgamento. A ação chegou a ser pautada para junho deste ano, mas foi adiada. Uma nova data ainda não foi definida.
Em julho, quando o JOTA confirmou a reunião de Wassef com integrantes da Lava Jato, um questionamento foi enviado à J&amp;F, holding que controla a JBS, sobre a contratação do advogado. A empresa, no dia 1 de julho, negou que Wassef tenha sido contratado para prestar serviços de advocacia.
Ainda não havia sido divulgada a matéria da Crusoé, com documentos obtidos por promotores do Rio de Janeiro que confirmariam a relação entre Wassef e a empresa. Essa documentação, conforma a revista, é parte da investigação sobre a relação do advogado com Fabrício Queiroz, pivô do suposto escândalo das rachadinhas no gabinete do filho de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro.
Advogados que atuam com procuração nos autos neste caso também dizem desconhecer a participação de Wassef nas negociações.
Também em julho, o JOTA procurou Wassef para questioná-lo sobre este tema. "Esta é apenas mais uma das fake news que eu venho sofrendo de forma massiva. Estou sendo vítima de uma campanha de fake news asquerosa e nojenta, com todo tipo de mentira, de crime, de calúnia. A dica que eu dou para o senhor é uma só: não vá atrás de fontes que são criminosas e de grupos que estão patrocinando, inclusive, comprando jornalista, sites", ele disse.
A negativa enfática de Wassef pode ser contrastada com o relato detalhado da reunião. As fontes estão disponíveis.
Depois de publicada a reportagem, a JBS enviou a seguinte nota à redação:
“A JBS esclarece que o escritório de advocacia mencionado não representa nem se manifesta em nome da Companhia junto à PGR.
A empresa informa que os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial e que esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão de notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019. Os valores e detalhes do contrato são protegidos por sigilo legal.
A Companhia mantém um processo de auditoria de fornecedores, os quais são submetidos a due diligence e à aprovação da área de Compliance, o que também se aplica ao caso em questão. Esse processo realizou, ao longo do ano passado, 9.486 análises de forma independente e sistêmica e os casos não conformes foram bloqueados.”

17/06/2020 Solenidade de Posse do senhor Fábio Faria, Ministro

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JOTA

Procuradores afirmam que o então advogado do presidente Bolsonaro foi recebido a pedido de Aras

Wassef se reuniu com equipe da Lava Jato para falar do acordo com JBS

Procuradores afirmam que o então advogado do presidente Bolsonaro foi recebido a pedido de Aras