O vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, encaminhou para a Procuradoria da República no Distrito Federal analisar se há elementos que justifiquem abrir investigação ao ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo pelo crime de falso testemunho devido a depoimento prestado à Justiça Eleitoral.
Dino também decidiu enviar o material ao Ministério Público Federal para que o procurador-geral Rodrigo Janot avalie se houve quebra do acordo de delação premiada. Se for comprovada que as divergências foram intencionais, ele poderá perder benefícios pela colaboração premiada.
Em seu primeiro depoimento nas ações que pedem a cassação da chapa Dilm/Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 19 de setembro deste ano, o empresário disse ter realizado doação de origem irregular de R$ 1 milhão à chapa vencedora da eleição presidencial de 2014, composta por Dilma e por seu então vice, Michel Temer. Em novo depoimento, em 17 de novembro, Azevedo mudou sua versão.
Em despacho para a PR-DF, o vice-procurador-eleitoral disse que as mudanças de fala de Otávio Azevedo pode "implicar desatendimento aos termos daquele acordo [de colaboração], no que se refere, inclusive à prestação de informações verazes perante os órgãos do Judiciário".
Em conversa com jornalistas, Dino disse que Otávio Azevedo apresentou divergências e que é preciso esclarecer o caso.
"Ele deu dois depoimentos. Um com uma versão, outro com outra. Um dos dois não é veraz. [...] Isso é um dado. Ele falou uma coisa e depois falou outra. Qual é o depoimento correto, eu não sei. Isso depende de juízo de valor. Isso vai ser feito em duas esferas. Quando da conclusão da instrução aqui, e eventualmente no âmbito criminal lá na PR-DF. Mas não faço juízo de valor sobre se ele disse isso, aquilo, se é verdadeiro ou não. Isso só depois que todas as provas forem analisadas em seu conjunto", afirmou.
O requerimento ocorreu após o MPF ter pedido cópia do depoimento de Azevedo ao Tribunal Superior Eleitoral, o que foi deferido. Na corte eleitoral tramita o processo em que o PSDB aponta abuso de poder político e econômico por parte da chapa Dilma Temer, eleita em 2014.
“Inimaginável que alguém se prepare tão bem para um depoimento, analise toda a prestação, faça uma afirmação tão contundente, e, somente após, quando constatada sua mentira, perceba que fora um mero engano..”