Redação JOTA

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), o prefeito Eduardo Paes (PMDB) do Rio de Janeiro e o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) devem ser investigados por tentar esconder dados sobre o chamado Mensalão mineiro da CPI dos Correios (2005), que investigou o Mensalão do PT. A avaliação faz parte de abertura de inquérito encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira (04/05).
Trata-se da segunda investigação contra Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2014. Na segunda-feira (02/05), Janot enviou aos STF inquérito que apura o suposto envolvimento do político mineiro em irregularidades na estatal Furnas.
Cabe ao ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato no STF, autorizar que as investigações sigam em frente. Ultrapassada essa etapa, começa uma fase de recolhimento de evidências e provas sobre a conduta apontada por Janot em seu pedido. Caso a PGR avalie dispor de elementos suficientes para comprovar a culpa dos envolvidos, Janot oferece uma denúncia ao STF. Aceita a denúncia, eles se tornam réus de ação penal.
O pedido de inquérito se baseia na delação premiada do senador Delcídio do Amaral, que foi presidente da CPI dos Correios há 11 anos. Segundo ele, houve tentativas de maquiar informações do Banco Rural sobre o Mensalão mineiro. Pedidos de quebra de sigilo de integrantes do Banco Rural também incomodaram políticos do PSDB, de acordo com Delcídio.
Aécio Neves, especificamente, pediu ao secretário-geral do PSDB, na época Eduardo Paes, uma prorrogação do prazo de entrega dos dados oriundos da quebra de sigilo solicitadas pela CPI.
"Que foi com surpresa que o declarante percebeu, a receber as respostas, que o tempo fora utilizado para maquiar os dados que recebera do Banco Rural; que ficou sabendo que os dados eram maquiados porque isso lhe fora relatado por Eduardo Paes e o próprio Aécio Neves; que os dados atingiriam em cheio as pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e vice-governador de Minas Gerais; que  o declarante compreendeu a existência da maquiagem, pelo fato de que a gênese do mensalão teria ocorrido em Minas Gerais", disse Delcídio na delação.
Carlos Sampaio também teria participado desta maquiagem de informações, de acordo com a delação premiada de Delcídio.
"Que o declarante entende que o Banco Central possui os dados corretos e teria condições de apontar a maquiagem. Que o declarante não sabe dizer guais foram os responsáveis, no Banco Rural, pela maguiagem dos dados. Que outros parlamentares também sabiam que esses dados estavam sendo maquiados, podendo citar os deputados Carlos Sampaio e Eduardo Paes", diz outro trecho do acordo de colaboração premiada do ex-líder do governo.
&nbsp;

19875003410_803aed9309_k

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

Políticos teriam dificultado apuração de fatos do Mensalão mineiro durante CPI dos Correios

PGR pede investigação de Aécio Neves, Eduardo Paes e Carlos Sampaio

Políticos teriam dificultado apuração de fatos do Mensalão mineiro durante CPI dos Correios