Laura Diniz

A Odebrecht montou um sistema de "compliance espelhado", que criou regras para o pagamento de propinas a empresários e políticos em troca da obtenção de contratos para a execução de obras públicas. A explicação foi dada na tarde desta quinta-feira (28/4), pelo procurador da República Deltan Dallagnol, em entrevista coletiva em Curitiba (PR).
Na entrevista, o procurador apresentou as duas novas denúncias criminais oferecidas contra envolvidos na Operação Lava Jato. Entre eles, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, pelo pagamento de propinas pela companhia, e o marqueteiro João Santana, pelo recebimento de valores no exterior considerado ilegal pelo MPF. Outras 15 pessoas também foram denunciadas.
<a href="https://www.jota.info/leia-duas-novas-denuncias-da-lava-jato-contra-marcelo-odebrecht-e-joao-santana">+ JOTA: Leia as duas novas denúncias</a>
<a href="/wp-content/uploads/2016/04/Coletiva-Lava-Jato-28abril2016.ppt">+JOTA: Veja a íntegra da apresentação feita pelo procurador Deltan Dallagnol durante a entrevista</a>
As provas apresentadas pelo MPF são o mais duro golpe contra a companhia, já que mostram não apenas ações isoladas de corrupção ativa, mas uma atuação criminosa institucionalizada por meio do já conhecido "Departamento de Operações Estruturadas", órgão da companhia encarregado do pagamento de propina e da lavagem de dinheiro. A empresa usava até um sistema próprio para administrar o setor, um software chamado My WebDay.
Dados exibidos durante a entrevista, mostraram o organograma do setor: Marcelo Odebrecht no topo da cadeia hierárquica, seguido de Hilberto Silva. Este, por sua vez, era assessorado por Fernando Miggliacio e Marcelo Rodrigues, cada um com sua secretária. O grupo comandado por Silva, segundo o MPF, era responsável por negociar os valores e remeter, através de doleiros, o dinheiro da propina para contas no exterior que seriam acessadas por seus beneficiários.
Duas questões importantes destacam-se nessas novas denúncias. Uma delas é o enorme volume de informações financeiras vindo da Suíça (que comprova o caminho do dinheiro, da origem aos destinatários finais). Os dados apresentados na coletiva são, certamente, um pequeno porcentual das informações trazidas da Suíça pela força tarefa – ou seja, mais deve estar por vir.
Ao falar do caminho do dinheiro, Dallagnol também mostrou uma uma anotação com dados de contas bancárias nos Citibank de Nova York e Londres. O fato merece atenção porque pode, em tese, dar jurisdição sobre o caso para as Justiças americana e inglesa.

Deltan

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JOTA

Força tarefa da Lava Jato apresenta novas denúncias

Odebrecht tinha "compliance espelhado" com regras para propina, diz MPF

Força tarefa da Lava Jato apresenta novas denúncias