Márcio Falcão

A nova fase da Operação Lava Jato que levou à prisão do ex-diretor do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine aumentou a tensão e expôs o racha entre representantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal que atuam na força tarefa em Curitiba. O JOTA apurou que o delegado Filipe Pace enviou ofício ao juiz Sergio Moro reclamando da conduta dos procuradores no caso, que praticamente teriam excluído a PF das apurações.
O delegado chega a pedir que Moro intime o Ministério Público Federal para se manifestar sobre a real necessidade de instauração de inquérito policial para analisar os fatos referentes a Bendine. A PF argumenta que o MP pediu à Justiça Federal do Paraná a abertura de inquérito no dia 5 de junho, sendo que Moro autorizou no dia 9 daquele mês.
Os delegados afirmam reservadamente que tomaram conhecimento da linha de investigação pela imprensa – o que prejudicaria a eficácia da apuração - e que o pedido do MP não apresentou indicação de diligências a serem realizadas pela PF, tratando apenas de possível ocorrência de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro nos supostos pagamentos de vantagens indevidas da Odebrecht para Bendine.
Os delegados dizem que as medidas do MP para o caso foram pedidas e autorizadas sem que houvesse concomitante condução do inquérito policial. A PF aponta que os pedidos devem ter sido feitos em procedimento investigatório criminal do MPF, que trata de uma apuração preliminar, instrumento que tem sido utilizado para persecuções penais, mesmo sem previsão em lei. Os delegados dizem que o PIC pode continuar em sigilo para os investigados, o que não ocorreria com os inquéritos policiais, uma vez que o juiz já autorizou acesso.
A PF defende que não cabe a abertura de inquérito apenas para reunir esclarecimentos juntos aos investigados. Os delegados sustentam ainda que a delação da Odebrecht apenas ajudou a identificar beneficiários de entregas de dinheiro que tinham relação com o codinome Cobra nas planilhas do setor de propina – apelido ligado a Bendine – sendo que a PF já investigava fatos que se cruzaram com o caso do ex-executivo.
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O desgaste entre delegados e procuradores da força tarefa tem sido ampliado desde o dia 6 de julho, quando a PF anunciou o encerramento do grupo de trabalho exclusivo da Operação Lava Jato.  A equipe passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor). Os procuradores deram declarações públicas contra a decisão da PF.
Na entrevista coletiva desta quinta sobre a prisão de Bendine, o procurador  Athayde Ribeiro Costa criticou o ministro da Justiça Torquato Jardim pelas mudanças na Polícia Federal em Curitiba. Ele afirmou que Jardim não procurou saber quais são as necessidades da operação.
"Sequer consultou a força-tarefa sobre o quanto de investigação tinha e o quanto de necessidade de efetivo havia. É uma responsabilidade dele essa diminuição, e temos que fortalecer a Polícia Federal", afirmou o procurador", afirmou.
Essa não é a primeira insatisfação da PF com o MP ao longo da Lava Jato. Nas fases chamadas de Pixuleco - que teve como alvo principal o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - e na Carbono 14 - que tinha como foco empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido pelo pecuarista José Carlos Bumlai para pagar dívidas do PT - os policiais também se queixaram da postura dos procuradores nas apurações.
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coleiva

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JOTA

A Moro, delegado reclama da conduta dos procuradores no caso que levou a prisão de Bendine

Nova fase da Lava Jato aumenta tensão entre PF e MPF

A Moro, delegado reclama da conduta dos procuradores no caso que levou a prisão de Bendine