Basilia Rodrigues

Um mês após a 9ª fase da Operação Lava Jato, batizada de "My Way", o Ministério Público Federal do Paraná se prepara para apresentar denúncia com base no que descobriu em depoimentos e documentos apreendidos na ocasião.
A prisão do empresário Mário Góes completou um mês e os procuradores já estão dentro do prazo legalmente estabelecido de 5 dias para oferecer denúncia. Até segunda-feira (16/03), a situação das empresas vai se complicar e haverá pedidos de condenação de mais envolvidos no esquema.
Góes atuaria como operador financeiro de várias empresas. Nos endereços do empresário, a Polícia Federal apreendeu vários contratos firmados entre ele e empreiteiros para justificar a transferência de centenas de milhões de reais. O dinheiro, segundo as investigações, era repassado a empregados e dirigentes da Petrobras como propina.
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A Justiça exigiu comprovantes de serviços de Góes, o que não convenceu os investigadores. Em depoimento, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco confirmou que mantinha encontros frequentes com Góes, que recebia propina em mochilas carregadas de montantes que variavam entre R$ 300 mil e R$ 400 mil.
Nesta semana, em depoimento à CPI da Petrobras, Barusco detalhou que também recebeu mochilas de dinheiro do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Foi na 9ª etapa da Lava Jato, em fevereiro, que o petista foi chamado a prestar depoimento.
Na época, ele não foi preso mas isso desestabilizou o partido do governo. Nessa fase, a PF também prendeu executivos da Arxo, fabricante de caminhões e tanques de combustível. A empresa é suspeita de pagar propina a funcionários da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, em troca de informações privilegiadas e favorecimento nas licitações.
Segundo informações publicadas pela ARXO na internet, sete de cada 10 postos do Brasil usam tanques de combustível produzidos pela empresa, ou seja quase 27 mil postos. No ano passado, a empresa fechou um contrato de R$ 85 milhões de reais com a BR Distribuidora.
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Empresas x investigações
Nos contratos que a PF e o Ministério Público dizem ser de fachada, e que foram encontrados com Mário Góes, havia os nomes das empresas Riomarine Oil e Gas Engenharia e Empreendimentos Ltda e diversas empreiteiras como a Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, MPE, OAS, Setal e UTC, além de consórcios integrados por elas.
Nesta quarta-feira (11/03), a Controladoria Geral da União abriu processo de investigação contra mais dez empresas envolvidas na Lava Jato. São elas: Alumni Engenharia, GDK, Promon Engenharia, Andrade Gutierrez, Fidens Engenharia, Sanko Sider, Odebrecht, Odebrecht Óleo e Gás, Odebrecht Ambiental e SOG Óleo e Gás.
As empresas serão notificadas nos próximos dias. Caso sejam responsabilizadas, podem ser impedidas de celebrar novos contratos, além de pagar multas. Em nota oficial, a controladoria conclui dizendo que "há possibilidade de novos processos serem abertos".
Em dezembro, a CGU já havia aberto investigação contra oito empresas:  Camargo Correa, Engevix, Galvão Engenharia, Iesa, Mendes Junior, OAS, Queiroz Galvão e UTC-Constran.
Um clássico 
"My Way" era o como o ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, chamava o ex-diretor da estatal Renato Duque. A música de Frank Sinatra embala a história de um homem que agia "do seu jeito". A primeira estrofe da música diz "and now the end is near" [e agora, o fim está próximo, em tradução livre], o que parece não ter a ver com as investigações da Lava Jato. Mas, ironicamente, esse homem "mordeu mais do que poderia mastigar".
Toda investigação policial tem seu clássico.

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JOTA

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