Três militares ligados ao Centro de Informação do Exército (CIE) foram os responsáveis pelo atentado com uma carta-bomba na sede da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, em agosto de 1980. A conclusão é da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio).
A carta-bomba era endereçada ao então presidente da OAB-RJ, Eduardo Seabra Fagundes. Segundo a comissão, o sargento Magno Cantarino Motta foi quem a entregou, pessoalmente, para a secretária Lyda Monteiro, que morreu ao abrir a carta.
O fato foi apontado por quatro testemunhas. Uma delas, reconheceu a pessoa que levou a bomba à OAB-RJ, e as outras três eram agentes vinculados à estrutura repressiva da ditadura.
De acordo com a comissão, as testemunhas afirmaram que a ação foi comandada pelo coronel Freddie Perdigão Pereira, do CIE, e a bomba teria sido confeccionada pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário, morto no atentado ao Riocentro (que aconteceu em 1981, quando a bomba que ele trazia no colo explodiu. O artefato seria colocado dentro do auditório onde cerca de 20 mil pessoas comemoraram o dia do trabalho).
Em entrevista ao JOTA, a presidente da CEV-Rio, advogada Rosa Cardoso, comentou que a comissão conseguiu atingir um grau de certeza e que o caso reflete um “simbolismo enorme”, pois mostra a ditadura como um estado que pratica ações para gerar pânico, medo, ou seja, “pratica terrorismo de estado”. “Uma bomba é algo sem controle, em princípio deveria matar o Fagundes, mas poderia provocar pânico a outras pessoas. Houve esse atentado porque membros da OAB vinham promovendo uma ação redemocratizadora."
Além disso, Rosa confirmou que a comissão entrou em contato com o ex-sargento Mago Motta, e em conversa ele se “manifestou no sentido de que não era a pessoa reconhecida que participou do atentado, e nem no do Riocentro”. O caso pode ser investigado pelo Ministério Público.
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JOTA

Conclusão foi apresentada pela Comissão Estadual da Verdade do Rio.

Militares do Centro de Informação do Exército foram responsáveis por carta-bomba na OAB-RJ

Conclusão foi apresentada pela Comissão Estadual da Verdade do Rio.