André Eler

Preocupados com o nível do debate eleitoral no país, há dias os internautas registram apelos para que Luciana Genro, candidata do Psol à Presidência da República, estude. O JOTA averiguou a situação e descobriu que, pasmem!, Luciana estuda. Desde o início deste ano, ela está matriculada no mestrado da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, a mais renomada instituição de ensino jurídico do país. O tema não poderia ser outro: “O direito e os debates sobre a transição ao socialismo.”
Os apelos começaram depois que Luciana foi ao programa do humorista Danilo Gentili, há duas semanas. Irritada com as críticas do apresentador ao socialismo e ao comunismo, a candidata atacou: "Se tu estudasse um pouco mais ia conhecer o assunto." Em resposta, alunos da UnB fizeram um vídeo contrapondo fatos às ideias da candidata. De quebra, lançaram uma campanha no Twitter: #estudaLuciana. No domingo (28), em debate na TV Record, o candidato do PV à Presidência da República, Eduardo Jorge, engrossou o coro. Segundo ele, Luciana “faltou à aula de história do século XX”.<iframe style="margin-top: 20px;" src="//www.youtube.com/embed/at4FpH9PKyI" width="100%" height="320px" frameborder="0" allowfullscreen="allowfullscreen"></iframe>
Contra tudo e contra todos, o orientador de Luciana na USP, Alysson Mascaro, garante que ela é uma aluna exemplar. "Posso dar as melhores referências sobre a Luciana, enquanto pesquisadora, enquanto jurista que reflete as questões do Direito na sociedade. Ela é muito aplicada, com uma alta capacidade de estudo e elaboração teórica", derrete-se. O professor foi escolhido como orientador, nas palavras dela, por ser “um autêntico marxista no mundo do Direito”.
Atualmente, a ex-deputada divide-se entre a candidatura e as aulas da disciplina “Marxismo e Direito”, ministrada por seu orientador. "Luciana tem-se demonstrado numa atividade heróica, de conciliar algumas atividades acadêmicas com toda a atividade da campanha", elogia o mestre. Ari Solon, professor do departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da USP, é outro entusiasta da candidata. Como ela ainda está no início do curso, não definiu o norte da pesquisa e os autores que vão guiá-la, nem publicou nenhum artigo a respeito.
A ADVOCACIA 
Luciana formou-se em Direito em 2011, na Unisinos. O trabalho de conclusão de curso foi sobre Direitos Humanos, defendendo a punição a torturadores do regime militar e criticando outras violações de direitos humanos por agentes públicos no país.
Nos anos seguintes, encantou-se pelo júri e fez pós-graduação em Direito Penal. O perfil dos clientes da ex-deputada seguia um padrão: réus por homicídio com ligações com o tráfico de drogas. "É muito desafiador, mas é muito frustrante. Na maioria dos júris que eu fiz, meus réus tinham algum envolvimento com o tráfico, e isso fazia deles culpados por antecedência", lamenta. Segundo ela, é preciso debater qual é a política criminal mais adequada para melhorar a segurança pública. “Hoje, a política é voltada para a guerra às drogas, mas é necessário rediscutir o proibicionismo", teoriza.
Na próxima semana, depois do primeiro turno das eleições, a rotina atribulada da candidata dará lugar a uma vida mais sossegada. Luciana poderá se dedicar aos estudos do Direito e refletir sobre a política criminal do país. Também terá bastante tempo para mergulhar no projeto de condução do Brasil ao socialismo. Mercado financeiro, tremei!

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JOTA

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