O Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) determinou na manhã desta quarta-feira (17/8), a pedido do Ministério Público do Rio, um procedimento de busca e apreensão dos passaportes dos nadadores americanos Ryan Lochte e James Feigen.
Os esportistas afirmam ter sido vítimas de um assalto na madrugada de domingo (14/8). O procedimento se deu, no entanto, devido a contradições nos esclarecimentos que os dois atletas prestaram ao delegado Alexandre Braga, titular da Delegacia de Apoio ao Turismo (DEAT), departamento da Polícia Civil do RJ.
Lochte afirmou que ele e seu companheiro de equipe foram abordados por um único assaltante, que teria exigido a entrega de todo o dinheiro que estavam portando, um total de US$ 400.
Já Feigen contou, porém, que os atletas foram surpreendidos por mais de um assaltante, e que um deles estava armado.
Outro ponto que chamou a atenção da juíza Keyla Blanc De Cnop foi um vídeo divulgado pela imprensa inglesa dos atletas chegando à Vila Olímpica no domingo pela manhã. Aparentemente, eles passam pelo detector de metais tranquilamente, deixando a carteira e seus pertences.
"Percebe-se que as supostas vítimas chegaram com as suas integridades físicas e psicológicas inabaladas, fazendo, inclusive, brincadeiras uns com os outros, denotando que não houve qualquer abalo psíquico inerente à suposta violência alegada", escreve a juíza na decisão.
É contraditório também, segundo as autoridades, os horários que os atletas descreveram nos depoimentos.
"Eles alegam que deixaram a festa às 4h, o que não se confirma pelas imagens do local, cujo horário apontado é diverso", narra a magistrada.
Segundo o a Polícia e o MP-RJ, é preciso apurar se houve a prática de Comunicação Falsa de Crime (art. 340 do CP), crime previsto com pena de detenção, de um a seis meses, ou multa.
Carta rogatória
A polícia não encontrou Lochte na manhã desta quarta. Ele já retornou aos Estados Unidos. A Polícia Federal foi notificada do caso.
Cabe agora, segundo a Justiça do Rio, emitir uma Carta Rogatória ao Judiciário americano para intimar o nadador, caso o Ministério Público do RJ solicite o procedimento.
O outro nadador do caso está no Brasil, mas não mais na Vila Olímpica. Segundo a Polícia, ele encontra-se em um hotel carioca.
Outro lado
A reportagem do JOTA não localizou a assessoria de imprensa do Comitê Olímpico Americano.
O chefe de comunicação das Olimpíadas, Mario Andrada, ainda não retornou o e-mail do JOTA. Este texto será atualizado tão logo isso aconteça.