Basilia Rodrigues

A uma platéia de procuradores de todo o país, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rebateu as críticas de parlamentares às investigações da Operação Lava Jato.
Citou diretamente a CPI da Petrobras, em que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aproveitou a sessão de ontem para atacar o inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal, a pedido da procuradoria. O discurso de Cunha foi seguido de manifestações de apoio de outros deputados ao Parlamento e contra Janot.
Um dia após o episódio, Janot afirmou que "causa espécie que vozes do parlamento aproveitando-se de uma CPI instaurada para investigar o maior esquema de corrupção já revelado no país tenha se atirado contra instituição que começa a desvelar a trama urdida contra a sociedade."
O procurador-geral da República disse ainda que "pelos esforços do Ministério Público, esse esquema foi exposto ao país. E será também por nossa ação que verdadeiros culpados irão responder judicial por isso."
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Além dos discursos que colocaram em xeque a responsabilidade dos investigadores, parlamentares do Solidariedade, com o apoio de outras legendas, apresentaram pedido de quebra de sigilo telefônico e de convocação do procurador. Se convocado, Janot seria obrigado a comparecer à CPI. Na próxima sessão, na terça-feira, os parlamentares vão debater quais requerimentos têm validade. Mas a votação só deve ocorrer mais para o fim do mês.
O procurador reuniu procuradores gerais para discutir ações contra corrupção. E destacou que "antevendo os desafios que a democracia brasileira enfrentaria, cuidou o constituinte de 1988 de "criar uma instituição destacada da esfera dos três poderes clássicos, a quem cometeu a responsabilidade de defender a sociedade brasileira, inclusive contra a força, às vezes, do próprio Estado".
Janot afirmou que a Lava Jato é o maior escândalo de corrupção da história do Brasil.
"Continuo acreditando firmemente que a grande maioria dos homens de bem que integram as nossas instituições não se quedarão inertes; que os cidadãos que pagam impostos e que cumprem com seus deveres cívicos saberão, nessa hora sombria e turva da nossa história, distinguir entre o bem e mal; entre a decência e a vilania; entre aqueles que lutam por um futuro para o país e aqueles que sabotam nosso sentimento de nação", declarou.
O tom das críticas contra o procurador divide parlamentares. Em menor número, um grupo de deputados considera que "o acusador não pode virar acusado" e decidiu fazer um desagravo a Rodrigo Janot e ao Ministério Público. Os deputados Chico Alencar, do PSOL, Elisiani Gama, do PPS, Julio Delgado e Luiza Erundina, do PSB, anunciaram que vão fazer uma visita ao procurador na semana que vem para manifestar apoio.

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