Felipe Seligman

Entre tantas, duas conversas de Marcio Thomaz Bastos com Luiz Inácio Lula da Silva alteraram radicalmente a história do país e a imagem internacional do Brasil.
Amigos desde a década de 1980, quando Thomaz Bastos se aproximou do incipiente Partido dos Trabalhadores, os dois embarcaram juntos de Brasilia para Vitoria (ES) em abril de 2003. Conversaram animadamente. Em uma rara inconfidência, o ex-ministro relatou o dialogo meses depois. Insistira com Lula sobre a necessidade de uma reforma do Judiciário. Era preciso implantar um controle externo sobre a magistratura nacional. Menos de duas horas depois, em discurso, Lula acusava o Judiciario de ser uma "caixa preta". Foi a senha para atiçar o mundo politico a aprovar a criação do Conselho Nacional de Justiça.
Não eram frequentes as viagens nacionais dos dois amigos em conjunto. Ainda mais raras eram as ausências de Thomaz Bastos do país. Imaginava que, ao entrar num vôo internacional, alguma urgência viria a reboque e ele nao estaria por perto para ajudar na solução.
Sua primeira viagem internacional no cargo aconteceu em 2004. Após meses de negociação, o Brasil assinaria um acordo de cooperação contra lavagem de dinheiro com a Suíça, paraíso fiscal do planeta. Animado, embarcou e comprovou a suspeita. Enquanto cruzava o Atlântico, Lula decidira expulsar o repórter Larry Rohter, do New York Times. Quem assinou o documento foi o sub de Thomaz Bastos, pois ele nunca assinaria, como contou depois.
Passada a aterrisagem, Thomaz Bastos ligou para Lula. Chegou a contar que colocou o cargo à disposição se o presidente expulsasse o jornalista. Lula mudou de ideia.

Lula e MTB rindo-2

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JOTA

Conversas e viagens do ministro Marcio Thomaz Bastos

Dois dedos de prosa com Lula

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