Redação JOTA

Na próxima segunda-feira, dia 7 de março, José Eduardo Cardozo se tornaria o ministro mais longevo da história no Ministério da Justiça. Após 5 anos e dois meses como fiel assessor da presidente Dilma Rousseff, Cardozo não está de saída do governo. Está de mudança para a Advocacia-Geral da União (AGU).
Lá o ministro encontrará uma série de desafios: a defesa do governo no processo de impeachment e a negociação dos acordos de leniência com as empresas envolvidas na Lava Jato.
A manobra política, que na vitrine pode denotar certa vitória do PT em uma tentativa de controle da Polícia Federal, na verdade, é a esperança de salvamento do governo federal. Para quem acompanha o dia a dia do governo, Dilma não perde seu fiel escudo, o fortalece para a principal batalha que tem pela frente.
Como advogado geral da União, Cardozo terá mais contato com ministros do Supremo Tribunal Federal e assessores cuidando dos detalhes das negociações de acordos de leniência com empresas investigadas na Lava Jato.
Focará, portanto, na articulação política necessária e não sofrerá intensamente, dessa forma, os habituais ataques - seja do próprio partido, seja da oposição.
O ministro da Justiça tem amplo conhecimento dos termos jurídicos que envolvem a Lava Jato, tanto por meio de informações vindas da Polícia Federal como do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A saída do ministro não tranquiliza, em nada, os alvos políticos da operação Lava Jato.
O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, deixa claro que a  instituição investiga fatos e não persegue pessoas.
Quem cogita a possibilidade de “controle” ou direcionamento nas investigações corre o risco de ser arrolado em gravações de negociatas, como responde, atualmente, o senador petista do Mato Grosso do Sul, Delcídio do Amaral.
Para fortalecer o discurso de que as investigações não serão afetadas com as mudanças nas condução da Pasta, a presidente Dilma Rousseff decidirá manter inalterada a condução da Polícia Federal.
Vencedor político
A saída de Cardozo também mostra que as articulações políticas para a sucessão de Dilma Rousseff também está na mesa. O agora ex-ministro da Justiça terá que provar, mais uma vez, o seu valor para salvar o governo.
Neste momento, no entanto, o grande vencedor de toda a articulação e com potencial de crescer nos próximos três anos de administração é o ministro da Casa Civil, Jacques Wagner.
Mais próximo de Lula, Wagner emplacou o novo ministro da Justiça, Wellington Cesar Lima e Silva, que foi procurador-geral de Justiça da Bahia no governo dele na Bahia.
Por outro lado, colocar um procurador na pasta que comanda a Polícia Federal, pode abrir espaço para novas rusgas. No momento, apenas uma certeza: a presidente Dilma Rousseff conta cada vez com menos aliados de confiança para postos-chave de seu governo.
Leia abaixo a integra da nota divulgada pela presidência da República:
A presidenta da República, Dilma Rousseff, informa que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deixará a pasta e assumirá a chefia da Advocacia Geral da União, em substituição ao ministro Luiz Inácio Adams que solicitou o seu desligamento por motivos pessoais.
Assumirá o Ministério da Justiça o ex-Procurador Geral da Justiça do Estado da Bahia, Dr. Wellington César Lima e Silva.
Assumirá o cargo de ministro-chefe da Controladoria Geral da União, o Sr. Luiz Navarro de Brito.
A presidente da República agradece os valiosos serviços prestados ao longo de todos estes anos, com inestimável competência e brilho, pelo Dr. Luís Inácio Adams, e deseja pleno êxito à sua atividade profissional futura.
Agradece ainda ao ministro-interino da CGU Sr. Carlos Higino pela sua dedicação.

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JOTA

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