Bárbara Lobato

Raquel Alves

Nicolau Maquiavel recomendava em "O Príncipe" que o governante deveria manter os amigos próximos e os inimigos mais próximos ainda. A presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer podem ter seguido esta máxima por quase cinco anos.
Neste sábado (16/04), a guerra entre os dois atingiu os patamares mais altos. Uma guerra jurídica, política e de versões. Uma refrega que se observa neste domingo durante a sessão que decidirá se será acolhida a denúncia de crime de responsabilidade contra a presidente Dilma Rousseff.
Durante todo o dia de sábado, Brasília ferveu com boatos, desmentidos, mandados de segurança, contagem de votos, especulações e deslocamentos de políticos. Tudo para garantir que um lado - seja ele qual for - saia vitorioso do embate que se travou no país.
Quem vota e como vota
No salão verde, local por onde deputados e jornalistas circulavam freneticamente na véspera da votação do impeachment, Waldir Maranhão (PP-MA), recém convertido ao governo, espalhava que 14 deputados do PP teriam saído do partido em resposta à sua destituição do comando do diretório estadual.
O lado oposicionista do PP desafiava Maranhão a apresentar a lista em uma entrevista coletiva. De preferência, ladeado dos que estariam de malas prontas.
Concomitantemente, a ministra da Agricultura, Katia Abreu, fazia ligações a jornalistas e assessores próximos garantindo que o governo teria 180 a 190 votos para barrar o processo de impeachment.
Enquanto isso, o deputado Reginaldo Lopes (PT/MG) protocolou no Supremo um mandado de segurança em que buscava juntar imediatamente o pedido de impeachment contra o Michel Temer ao processo de impedimento da Dilma. Dessa forma, o pedido de afastamento dos dois seria julgado junto. O mandado foi distribuído para o ministro Marco Aurélio Mello.
No meio dessa divisão do "nós contra eles" que políticos e governantes resumiram o país, teve pedido de segurança ao presidente da Câmara e a quadras residenciais dos parlamentes, pedidos de mandados de segurança questionado ritos do impeachment - e todos negados até o momento -, teve a presidente Dilma Rousseff abrindo a residência para o diálogo - fato inédito nos últimos cinco anos -, e, por fim, o vice-presidente anunciando, antes das 8h da manhã, pelas redes sociais, o compromisso com o país ao garanti, como se tivesse na cadeira presidencial, que manterá todos os programas sociais.
Do lado da oposição, deputados ligavam para jornalistas tentando confirmar uma suposta e iminente busca e apreensão no hotel onde estava hospedado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – e onde haveria apreensão de dinheiro vivo.
Na TPI (ou tensão pré-impeachment) fofocas, bastidores e verdades se espalhavam com velocidade impressionante.
Violência
O fato é que até mesmo a preocupação com violência ganhou corpo no Congresso. Deputados favoráveis ao impeachment avisaram ao presidente da Câmara, o réu por envolvimento no Petrolão, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estavam recebendo ameaças de que os prédios funcionais onde moram em Brasília teriam as ruas fechadas por protestos, impedindo que eles chegassem à votação.
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Cunha pediu reforço de segurança pra quadras residenciais com prédios funcionais, aqueles onde moram políticos. Além da Polícia Legislativa, a Polícia Militar do Distrito Federal também foi acionada.
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Nas dezenas de listas com nomes de parlamentares contra e a favor do impeachment que corriam pela Câmara, nomes de deputados a favor do impedimento apareciam na lista de apoiadores do governo. Nomes de indecisos apareciam nas duas listas. Deputados foram obrigados a reforçar publicamente seus votos.
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No meio dessa guerra, uma boa notícia pareceu emergir. Os políticos parecem mais preocupados com o que pensam os seus eleitores. Enquanto a presidente Dilma, o ex-presidente Lula e o vice-presidente recebiam dezenas de deputados para negociar os votos, os políticos não mais puderam esquecer daqueles que os colocaram no Congresso.
Após mais de trinta horas ininterruptas de trabalho legislativo, o país está em contagem de horas e minutos para o início da votação.
Passado o euforismo ou bolões de apostas de parlamentes, qual o país teremos pela frente?

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JOTA

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