Jota

Apesar de leis e a Constituição pregarem transparência de altos funcionários públicos no exercício diário de suas tarefas, o chefe do Ministério Público Federal e o ministro da Justiça, superior hierárquico das polícias Federal e Rodoviária Federal, se reuniram sigilosamente no início da noite de ontem em Brasília.
Prestes a se manifestar contra políticos citados na Lava Jato, Rodrigo Janot recebeu José Eduardo Cardozo em seu gabinete. Desconfortável com a interpretação de que falou com Cardozo sobre a operação que investiga desvios da Petrobras para o caixa dois de campanhas eleitorais, o procurador-geral autorizou interlocutores a contarem que o tema da reunião foi outro mas não menos polêmico.
Auxiliares do procurador confirmam que ele foi alertado por Cardozo de que era preciso reforçar sua segurança porque ele virou alvo de sérias ameaças. Segundo esses interlocutores, o alerta foi dado pelo Sistema de Inteligência do Ministério da Justiça.
Detalhes não foram vazados, o que praticamente manteve o cenário de desconfiança em torno do encontro do ministro com o procurador. Na tarde desta quinta-feira (26/02), o ministro José Eduardo Cardozo se esquivou de perguntas sobre o assunto. Apesar de confirmar a reunião, que deveria constar de sua agenda pública, não explicou o assunto.
"Se alguém tem uma situação de risco, eu nem afirmarei, nem negarei. Por razões óbvias, são dados de segurança pública. O dia que um ministro de estado da justiça ou um diretor da Polícia Federal falar publicamente sobre isso serão chamados de incapacitados", afirmou Cardozo durante entrevista coletiva no Ministério da Justiça.
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No Congresso, parlamentares e assessores de oposição ironizaram o episódio chamando Rodrigo Janot de "avisador-geral da República", uma referência à figura do "engavetador-geral da República", pecha dada ao procurador Geraldo Brindeiro durante a gestão de Fernando Henrique Cardozo.
Na esteira desse assunto, a Procuradoria Geral da República avalia apresentar pedidos de abertura de inquérito em lugar de denúncias contra políticos citados nas Lava Jato. O motivo é a necessidade de mais elementos para conseguir incriminar parlamentares e governadores.
Já há quem admita que além de poucas ou nenhum denúncia, a resposta do procurador conterá também o arquivamento de acusações contra políticos. Até agora, não se sabe de quais partidos.

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Ministro da Justiça e Procurador-Geral da República se encontraram na noite de quarta-feira

Em segredo, Cardozo alerta Janot sobre ameaças

Ministro da Justiça e Procurador-Geral da República se encontraram na noite de quarta-feira