Ana Pompeu

A Lava Jato em Curitiba deixou de existir na última segunda-feira (1/2). A força-tarefa deixa de funcionar no modelo em que se organizava desde 2014 e passou a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal (MPF). Em portaria assinada em 7 de dezembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) promoveu a mudança. 
No ato, Augusto Aras integrou os quatro procuradores da operação ao grupo de cinco membros do Gaeco, com mandatos até agosto de 2022. Assim, o Gaeco passou a contar com nove membros, sendo que cinco deles se dedicarão aos casos que compunham o acervo da força-tarefa, estando quatro desses membros desonerados das atividades dos seus ofícios de origem.
<a href="https://conteudo.jota.info/jota-pro-tributos" rel="attachment wp-att-291213"><img class="size-medium wp-image-291213 aligncenter" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-tributos-v2.jpg" alt="" width="300" height="300" /></a>Alessandro José de Oliveira, coordenador da força-tarefa, vai assumir o núcleo da Lava Jato no Gaeco. O Gaeco passa a ter Oliveira, Daniel Holzmann Coimbra, Henrique Gentil Oliveira Henrique Hahn Martins de Menezes, Laura Tessler, Lucas Bertinato Maron, Luciana de Miguel Cardoso Bogo, Raphael Otavio Bueno Santos e Roberson Pozzobon. 
Outros dez membros permanecem designados para atuação em casos específicos ou de forma eventual até 1º de outubro de 2021, sem integrar o Gaeco e sem dedicação exclusiva ao caso, trabalhando a partir das lotações de origem.
Em dezembro, a Greenfield também foi encerrada por Aras. A cúpula da PGR e os grupos especiais de investigação dos chamados crimes de colarinho branco vinham alternando fases de conflitos e outras de silêncio. Internamente, subprocuradores-gerais discutem e tentam dar seguimento a modelos diferentes de forças-tarefas, que institucionalizem o trabalho e não o deixem nas mãos do chefe do MPF, a quem ficava a cargo a atualização do período das operações. 
<a href="https://www.jota.info/justica/greenfield-operacao-e-encerrada-com-mais-da-metade-das-metas-nao-cumpridas-21012021" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Mais da metade das metas estabelecidas pela equipe da operação Greenfield não foi cumprida</a>. Das 189 ações e metas planejadas pelos procuradores, só 44% puderam ser concluídas. Conforme a última atualização do plano de ação, das 189 metas, das mais amplas às tarefas menores, foram cumpridas 84, e 105 foram deixadas sem conclusão, o que equivale a 55,6% do planejamento não batido. No documento enviado ao procurador-geral, Augusto Aras, a baixa resolutividade se deve à “estrutura e tempo oferecidos à equipe”.
Além dos embates com Aras, alguns deles públicos, a Lava Jato também sofreu revezes de imagem, com acusações de atuação voluntarista e política. O ex-juiz Sergio Moro, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba durante boa parte do período da operação e uma das caras da força-tarefa, tem questionamentos sobre sua imparcialidade e um julgamento de suspeição pendente de conclusão no Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-coordenador do grupo Deltan Dallagnol também enfrenta mais de uma dezena de processos no Conselho Nacional do Ministério Público. 
<h3>Em números</h3>
Foram 79 fases, 1.450 mandados de busca e apreensão, 211 conduções coercitivas, 132 mandados de prisão preventiva e 163 de temporária. Durante as fases, foram colhidos materiais e provas que embasaram 130 denúncias contra 533 acusados, gerando 278 condenações (sendo 174 nomes únicos) chegando a um total de 2.611 anos de pena. Foram também propostas 38 ações civis públicas, incluindo ações de improbidade administrativa contra três partidos políticos (PSB, MDB e PP) e um termo de ajuste de conduta firmado.
A isso somam-se 735 pedidos de cooperação internacional – sendo 352 pedidos feitos a outros países e 383 recebidos. Segundo dados da Lava Jato, mais de R$ 4,3 bilhões foram devolvidos por meio de 209 acordos de colaboração premiada e 17 acordos de leniência, nos quais se ajustou a devolução de quase R$ 15 bilhões. 
Do valor recuperado, R$ 3 bilhões foram destinados à Petrobras, R$ 416,5 milhões aos cofres da União e R$ 59 milhões foram transferidos para a 11ª Vara da Seção Judiciária de Goiás – decorrentes de ilícitos que vitimaram a estatal Valec. Também já reverteu em favor da sociedade R$ 1,1 bilhão, decorrente de acordos firmados com concessionárias por meio da Operação Integração, desdobramento da Lava Jato paranaense. Desse montante, R$ 570 milhões são para subsidiar a redução dos pedágios no Paraná e R$ 515 milhões para investimentos em obras nas rodovias do estado.

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JOTA

Alessandro José de Oliveira, coordenador da força-tarefa em Curitiba, assume o núcleo da Lava Jato no Gaeco

Aras extingue força tarefa da Lava Jato e procuradores passam a integrar o Gaeco

Alessandro José de Oliveira, coordenador da força-tarefa em Curitiba, assume o núcleo da Lava Jato no Gaeco