Ana Pompeu

Diante de um processo que já dura quase uma década, um juiz de Brasília pediu a duas pessoas que estão em disputa por uma obra pararem de brigar. "Encarecidamente", ele disse que espera paciência das partes para que o acordo seja cumprido. O despacho é da última sexta-feira (19/3). O magistrado pediu que aguardassem até o fim do mês e lamentou pela situação e pelo país. 
<a href="https://conteudo.jota.info/poder-contato?utm_source=Banner%20site&amp;utm_medium=Artigos&amp;utm_campaign=CTA_Poder_materias"><img class="size-medium wp-image-292717 aligncenter" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-poder.jpg" alt="" width="688" height="688" /></a>"Vamos tentar acertar isso aí. Se o réu está dizendo que vai voltar a pagar as prestações já no final do mês, quem sabe não o faça? Olha, está chegando. Já é dia 19. E se ele pagar? Enfim. É só um lamento, em uma sexta-feira chuvosa, de pandemia e muita tristeza pela quantidade de irmãos morrendo...", disse Ernane Fidelis Filho, da 11ª Vara Cível de Brasília.
Advogada de uma das partes, Debora Duarte Godoi contou que a disputa começou, na Justiça, em 2013. Requerente e réu são vizinhos no Jardim Botânico, no Lago Sul, bairro nobre da capital. O homem começou uma obra e não teria pedido autorização para a vizinha para fazer alterações na área que divide as duas propriedades e se responsabilizado.
O despacho foi dado num cumprimento de sentença, no qual os dois fizeram um acordo: ele paga uma indenização por danos materiais e ela se compromete a deixá-lo concluir o muro, ainda por ser finalizado. "Lotes lindeiros precisam de uma autorização para subir no espaço aéreo do vizinho. A disputa correu em processo físico, foi longo, demandou perícias, audiências. Acho que o espírito do juiz foi de que chegamos a um acordo no fim do ano passado e agora é para se ter paz", disse a advogada.
Agora, a cliente dela afirma que o homem deixou de pagar algumas parcelas do valor estipulado. Ele, por outro lado, disse que pagaria até o fim do mês. "Vamos voltar à briga não. Peço-lhes encarecidamente. Sei que é desgastante mas mais desgastante será um cumprimento de sentença", sugeriu o juiz. 
Debora Godoi lembra que os dois ainda são vizinhos e convivem. E o magistrado concluiu o despacho em tom cansado: " Mas se quiserem continuar, é só a autora apresentar o débito atualizado e vamos para frente: SISBAJUD, RENAJUD etc., etc., e tal."
A ação corre com o número 0713725-79.2019.8.07.0001.

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JOTA

'Vamos tentar acertar isso aí', escreveu. 'Enfim. É só um lamento, em uma sexta-feira chuvosa, de pandemia e muita tristeza'

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