Entrevista

O mundo pós-pandemia na visão de Roberto Savio

Jornalista italiano fala ao JOTA sobre os impactos sociais, econômicos, culturais e políticos da Covid-19

O jornalista italiano Roberto Savio / Crédito: JOTA

Muito se questiona sobre como será o mundo após os impactos sociais, econômicos, culturais e políticos decorrentes da pandemia de Covid-19. Roberto Savio, fundador da agência internacional de notícias Inter Press Service (IPS), acredita que a nossa sociedade pode retornar ao que se encontrava, mas mudará significativamente em alguns aspectos.

Para o jornalista italiano, a crise nos mostra uma série de problemas urgentes, como o aumento significativo da pobreza e do desemprego. Nesse cenário, a falta de considerações políticas nobres irá gerar uma crise geral da democracia. Savio concedeu uma entrevista exclusiva ao colunista do JOTA Milton Seligman.

“É possível que a massa de pessoas que está desempregada e ignorada viva uma situação parecida com a revolução francesa, em que a revolução não produz uma força ideológica, mas revolta”, afirma o consultor. 

Agora, no lugar de reis teríamos financiadores, banqueiros e empreendedores de tecnologia. Ainda de acordo com Savio, a sociedade está tão convicta no poder do mercado que seguimos na tentativa de criar um Estado mínimo, para que não seja o monstro descontrolado da iniciativa privada. “Mas em uma crise verdadeira, todo o mundo pede que o estado volte a ter função central”, explica. 

Quanto ao populismo que eclode em vários países, Savio acredita que a lógica seria que ele retrocedesse. O populismo “mostrou não ter nenhuma resposta concreta a problemas concretos. Serve para fazer declarações abstratas sobre a pátria, sobre o Exército, mas são enganações abstratas que não tem nada a ver com a realidade concreta”. Para Savio, o desempenho de governos desta estirpe é ainda pior quando enfrenta crises graves, como a provocada pelo coronavírus. Todos os governos populistas, afirma o jornalista, terminaram mal.

Sobre o processo político, ele defende que as pessoas não votam hoje baseadas em critérios ideológicos. O jornalista italiano afirma que elas votam baseadas em sentimentos e sensações, que vão desde o medo até crer que um passado histórico importante retornará. “Uma série de posições totalmente distantes do que teria que ser a política”, completa.

Leia mais sobre a entrevista na coluna de Milton Seligman.