Operação da PF

Milton Ribeiro é preso em operação sobre ‘gabinete paralelo’ no MEC

Ex-ministro da Educação e outros quatro pastores são suspeitos de cobrar propina para liberar verbas do ministério

milton ribeiro
Ministro da Educação, Milton Ribeiro / Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso na manhã desta quarta-feira (22/6) pela Polícia Federal (PF). Além dele, são cumpridos mandados de prisão contra outros quatro pastores. Todos, incluindo Ribeiro, são suspeitos de operar um gabinete paralelo para liberação de verbas do ministério a partir de pagamentos de propina.

O caso veio à tona depois de reportagens publicadas em março pelos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, quando prefeitos denunciaram que os pastores pediam dinheiro e ouro em troca da liberação de recursos para os municípios.

Em março, os jornais revelaram áudio em que Ribeiro, também evangélico e pastor, afirma que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu a ele que os municípios indicados pelos pastores recebessem prioridade na liberação de recursos.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar”, disse o ministro no áudio. Após o conteúdo vir à tona, Ribeiro deixou o Ministério da Educação.

Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, suspeitos de serem os operadores informais do esquema dentro do Ministério, estão entre os alvos da operação. Eles não tinham cargos no governo, mas registros do Gabinete de Segurança Institucional mostram que eles acessavam o Planalto com regularidade.

Os recursos que Ribeiro direcionava aos municípios indicados pelos pastores, após o pagamento de propina, seriam do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Na época das denúncias, Bolsonaro defendeu o ex-ministro. Hoje, em seguida à operação, durante entrevista à rádio Itatiaia, o presidente disse que “se a PF prendeu, tem motivo.”

O ex-ministro é suspeito de ao menos quatro crimes, conforme a ordem: corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. A prisão foi determinada pelo juiz federal Renato Borelli. Detido em Santos (SP), Ribeiro deve ser transferido para Brasília, conforme ordem do juiz.

Em depoimento à PF, após a revelação dos áudios, Ribeiro afirmou que recebeu o pastor Gilmar Santos a pedido de Bolsonaro, mas negou ter havido favorecimento.

A defesa de Ribeiro criticou a prisão dele. O advogado Daniel Bialski disse não haver razão ou motivo concreto para a custódia antecipada. Ele pede para que a audiência de custódia aconteça em Santos.

Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na sede do Ministério, mas o atual ministro, Victor Godoy, disse que não poderia divulgar o alvo da operação. Durante o mandato de Ribeiro, Godoy era secretário-executivo, mas afirma não ter tido contato com atitudes que pudessem despertar desconfiança sobre o então ministro.