Felipe Betim

O desmatamento da <a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/amazonia">Amazônia</a> avança e teve seu pior primeiro semestre dos últimos 15 anos. De janeiro a junho, 4.789 km² de floresta foram destruídos, quase 20% a mais do que no mesmo período do ano passado, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008. Essa área equivale a duas vezes o território de Palmas, a nona maior capital brasileira.
[caption id="attachment_381318" align="aligncenter" width="768"]<img class="wp-image-381318 size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2022/07/sad-junho-grafico-janeiro-junho-2008-2022-768x478-1.png" alt="" width="768" height="478" /> Gráfico: Imazon[/caption]
Além disso, junho registrou um novo recorde desmatamento para o mês, com a derrubada de  <a href="https://imazon.org.br/wp-content/uploads/2022/07/SAD-Junho-2022.pdf">1.429 km²</a> de floresta, área semelhante ao território da cidade de São Paulo. Trata-se de um crescimento de 54% em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram destruídos 926 km². Com isso, a Amazônia também teve o pior junho em 15 anos.
[caption id="attachment_381321" align="aligncenter" width="768"]<img class="wp-image-381321 size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2022/07/sad-junho-grafico-junho-2008-2022-768x458-1.png" alt="Gráfico Imazon" width="768" height="458" /> Gráfico: Imazon[/caption]
“Esse novo recorde de desmatamento na Amazônia representa uma maior ameaça à vida de povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, os deixando reféns dos crimes e da violência. Além disso, a derrubada da floresta também contribui para o agravamento das mudanças climáticas, que está relacionado com a maior frequência e intensidade de fenômenos extremos como secas e chuvas fortes”, alerta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Segundo a avaliação do Imazon, a tendência para os últimos seis meses do ano é de que a destruição siga em ritmo acelerado por três motivos principais. O primeiro é a continuidade do período seco na região até outubro, o chamado “verão amazônico”, quando a ação de derrubada da floresta se torna mais fácil do que nos meses da estação chuvosa.
O segundo é a realização das eleições, quando historicamente as fiscalizações federais, estaduais ou municipais costumam diminuir. E o terceiro é a falta de sinalização dos órgãos competentes de que haverão ações mais duras de combate ao desmatamento neste segundo semestre, o que indica que a situação de impunidade seguirá prevalecendo na Amazônia.
“Isso funciona como um incentivo para que os desmatadores ilegais sigam atuando na região, principalmente através do processo de grilagem de terras”, completa Larissa.
<h3>Devastação avança pelo Pará, Amazonas e Mato Grosso</h3>
Pará, Amazonas e Mato Grosso concentraram, apenas em junho, 77% de toda a devastação nos nove estados que compõem a Amazônia Legal. O Pará, com 497 km² de floresta destruída, foi o que teve a maior área desmatada em junho. O aumento foi de 48% em relação ao mesmo mês em 2021, quando foram registrados 336 km² de devastação.
“No Pará, temos o grande problema do desmatamento que está avançando sobre áreas protegidas. Seis das 10 unidades de conservação e 5 das 10 terras indígenas mais desmatadas na Amazônia em junho ficam no estado, inclusive as que lideram os rankings, a APA Triunfo do Xingu e a Terra Indígena Apyterewa”, explica a pesquisadora do Imazon Bianca Santos.
Já o Amazonas, com 421 km² de área de destruída, foi o segundo estado que mais desmatou na Amazônia em junho. A alta foi de 81% em relação ao mesmo mês no ano passado, quando o estado registrou 232 km² de destruição.
A devastação avança pela região sul do estado, sobretudo na divisa com o Acre e com Rondônia, onde há um polo de expansão agropecuária chamado Amacro, segundo o Imazon. Municípios dessa região como Apuí, Lábrea, Novo Aripuanã e Manicoré têm aparecido com frequência nos rankings mensais dos que mais desmatam na Amazônia.
“Em junho, esses quatro municípios concentraram 69% de todo o desmatamento detectado no Amazonas. Além disso, cinco dos 10 assentamentos mais desmatados na Amazônia ficam no estado”, comenta Bianca.
Por fim, em Mato Grosso foram desmatados 183 km² em junho, o que representou um crescimento de 38% em relação ao mesmo mês de 2021 — quando foram registrados 133 km². No estado, a destruição tem avançado pela metade norte, com destaque negativo para o município de Colniza. Em junho, o município registrou 40 km² de desmatamento, ficando como o oitavo que mais destruiu a Amazônia.

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JOTA

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