O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta segunda-feira (23/1) a demissão do general Júlio Cesar de Arruda, no último sábado. Em entrevista de imprensa na Argentina, onde faz sua primeira viagem oficial, ele afirmou que “não foi possível dar certo” a escolha de Arruda. Para o lugar dele, Lula nomeou Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
“Nós agora temos um papel de muita responsabilidade, que é fazer com que o país volte à normalidade. E as forças policiais e as forças militares voltem à normalidade. Eu escolhi um comandante do Exército que não foi possível dar certo, eu tirei e escolhi outro comandante. E tive uma boa conversa com o comandante e ele pensa exatamente o que eu tenho falado sobre a questão das forças armadas”, disse Lula.
O presidente disse que as carreiras de Estado “não podem se meter na política durante o exercício de suas funções”. “As Forças Armadas não servem a um político. Elas não existem para servir a um político. Existem para garantir a soberania do nosso país, sobretudo contra possíveis inimigos externos e para garantir tranquilidade ao povo brasileiro”, afirmou Lula, completando com críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro: “Bolsonaro não respeitou a Constituição e as Forças Armadas”.
Moeda única
Uma pauta do encontro entre Lula e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, foi sobre a possibilidade da moeda única para a América do Sul.
O Brasil e Argentina já fizeram uma pequena experiência de fazer negócios na moeda dos dois países, porém sem muita força.
“Estamos tentando trabalhar agora para que nossos ministérios da Fazenda possam nos fazer uma proposta de comércio exterior e transação entre os dois países que seja feito em uma moeda comum a ser construída com muito debate e muitas reuniões”, disse Lula, afirmando que gostaria de ter um comércio exterior sempre na moeda dos países para não haver dependência do dólar.
O presidente da Argentina declarou não saber como seria uma moeda comum na região: “Mas, sabemos o que acontece com as economias nacionais tendo que funcionar com moedas estrangeiras. Sabemos que isso é nocivo”.
Venezuela
O presidente da Argentina disse não haver notícias de que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não vá à cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorrerá em Buenos Aires.
O Brasil deixou de participar do grupo durante o governo Bolsonaro. Também na gestão do ex-presidente, o Itamaraty suspendeu as relações diplomáticas com a Venezuela. Lula afirmou esperar que, “dentro de dois meses, a gente tenha resolvido a normalidade diplomática” com o país vizinho e disse ser contra “ingerências no problema da Venezuela”.
“A Venezuela vai voltar a ser tratada normalmente como todos os países merecem ser tratados. O que quero para o Brasil é o que quero para a Venezuela: respeito à minha soberania e à autodeterminação do meu povo”, afirmou o presidente.