
A segunda edição da pesquisa quantitativa “O que pensa o mercado financeiro”, da Genial/Quaest, realizada com 92 gestores, economistas e analistas das principais casas de investimento do Rio de Janeiro e de São Paulo, aponta que a maioria dos entrevistados espera que os juros da taxa Selic comecem a cair no segundo semestre, em agosto (34%) ou setembro (25%). Apenas 12% acham que a Selic vai se manter nos atuais patamares até 2024.
A maioria dos entrevistados, mais especificamente 88%, considera correta a decisão do Copom de manter a Selic em 13,75% neste momento. A pesquisa foi realizada entre 4 e 8 de maio, após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada.
Viés menos pessimista
Em março, 73% acreditavam que o país iria enfrentar recessão neste ano e 27% discordavam. Agora, 60% acham que não haverá recessão e 40% projetam que sim. A perspectiva geral para a economia ainda é negativa, mas claramente seguindo para um viés menos pessimista: 61% avaliam que a economia vai piorar (eram 78% em março), 26% que vai ficar igual (eram 16%) e 13% que irá melhorar (eram 6%).
A revisão de renúncias fiscais proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem o apoio de 96% dos entrevistados. No entanto, 74% projetam que o total de arrecadação extra das medidas seria inferior a R$ 70 bilhões. A previsão do governo é de mais de R$ 100 bilhões. Ainda assim, para 87% dos entrevistados, a política fiscal do governo não dará sustentabilidade ao controle da dívida pública.
Para 75% dos entrevistados, o governo tem muita chance de aprovar um projeto de taxação de apostas online, contra 5% que acha improvável. A cobrança de PIS/COFINS sobre créditos de ICMS tem muita chance de aprovação para 60% dos entrevistados, ante 9% que acham improvável.
Confiança na capacidade do governo Lula
Piorou a perspectiva sobre a capacidade de o governo Lula (PT) aprovar suas pautas no Congresso. Na avaliação de 39% dos entrevistados, o governo tem pouca chance de aprovar seus projetos, contra 20% aferido em março. Por outro lado, os que consideram alta a chance de aprovação são agora apenas 10%, ante 33% há dois meses. O pessimismo se dá depois da derrota do governo na Câmara relacionada aos decretos legislativos sobre saneamento.
Avaliação do trabalho
A rejeição ao governo Lula segue alta: 86% dos entrevistados têm uma avaliação negativa do governo Lula, ante 90% em março, na primeira rodada da pesquisa. Ao mesmo tempo, a opinião do mercado sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, melhorou significativamente. Em março, ele tinha apenas 10% de aprovação. São 26% em maio. Houve uma inversão sobre o risco de o Brasil caminhar para uma recessão.
Essa mudança na avaliação de Haddad não se reflete nas opiniões sobre o novo arcabouço fiscal. Embora mal avaliado por 48% dos entrevistados, 92% consideram que a medida será aprovada pelo Congresso Nacional. Entre as mudanças em discussão no Congresso para o novo arcabouço, a que segundo os operadores do mercado financeiro tem mais chance de ser aprovada é o contingenciamento de despesas por frustração de receitas.
Sucessão presidencial
Para 48% dos entrevistados, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), será o principal líder da oposição. Outros 34% avaliam que esse papel continuará sendo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apenas 7% avaliam que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), será o líder da oposição.
No cenário cada vez mais provável em que Jair Bolsonaro não possa se candidatar, a maioria dos entrevistados (66%) avalia que o ex-presidente deveria apoiar Tarcisio em 2026, contra 25% que avaliam que ele deveria apoiar Zema.