Thiago Gagliasso foi confirmado como candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro pelo Partido Liberal (PL), sigla do presidente da República Jair Bolsonaro. O registro de candidatura de Gagliasso já consta no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e ele declarou não possuir nenhum bem no próprio nome.
A exposição do patrimônio, que deve ser demonstrada por todos os candidatos, é feita por autodeclaração. Além de bens como imóveis, veículos e participação societária, devem ser incluídos outros itens que compõem o patrimônio, como valores depositados em contas ou aplicações financeiras de baixo valor – tudo o que entraria em uma declaração de imposto de renda da pessoa física.
“É uma obrigação legal do Código Eleitoral, não um favor. Mas é apenas o patrimônio que a pessoa tem no próprio nome. Isso é necessário para fiscalizar, ao longo do tempo, se houve aumento de patrimônio”, explica o advogado Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral.
Nesta segunda (1/8), em stories publicados em seu perfil no Instagram, onde tem cerca de 760 mil seguidores, ele falou sobre a pretensão de manter transparência sobre as contas da campanha. Procurado pela reportagem, ele disse não ter patrimônio a declarar. “Não tenho nada, nada, nem carro nem nada. Sou um candidato limpo, honesto e pobre”, disse.
O endereço indicado por Thiago Gagliasso para receber notificações da Justiça Eleitoral e também para registro do CNPJ para arrecadar recursos para campanha é de um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Nas redes sociais, embora trate mais de política, ele compartilha momentos de sua vida, como idas a partidas do Flamengo no Maracanã com o filho, encontros com o amigo e jogador de futebol Neymar Jr, o Carnaval nos camarotes da Sapucaí e viagens a Campos do Jordão (SP) e a praias do Nordeste e do litoral fluminense.
Em publicação do fim do ano passado, mostrou o adesivo que emula Lula atrás das grades enquanto Bolsonaro sorri afixado em um carro Nissan Frontier branco. “Quando cheguei, meu carro estava assim”, escreveu. Em 2018, ele “abriu a casa” em que vivia com a então namorada para a revista Caras.
A ocultação de bens pode levar ao indeferimento da candidatura, se forem apresentadas provas sobre a conduta, como documentos que comprovem haver patrimônio no nome do candidato – e não apenas que ele usufrua dos bens de familiares, por exemplo. O prazo para pedidos de impugnação é de cinco dias após o registro da candidatura.
Além disso, o Código Eleitoral prevê que é crime a omissão ou declaração falsa em documentos para fins eleitorais (artigo 350º). Se for comprovado ter havido dolo, a pena pode chegar a cinco anos de reclusão.
“Juridicamente, mesmo que haja apenas R$ 200 em uma conta poupança, é necessário declarar. Porém, se pode entender não ser uma omissão relevante nem ter havido dolo, principalmente porque a lei fala em bens, e não em patrimônio”, aponta Rollo.
Essa é a primeira campanha de Thiago Gagliasso, produtor cultural que se tornou mais conhecido por desavenças em posicionamentos políticos com o irmão, o ator Bruno Gagliasso, e por ser um influenciador bolsonarista. Eles romperam relações na mesma época em que Thiago declarou apoio à candidatura de Bolsonaro à presidência, nas eleições de 2018. Bruno desaprova publicamente o presidente e já declarou que deve apoiar Lula (PT) neste ano.
Após a repercussão de ataques racistas sofridos pelos filhos de Bruno em Portugal no último fim de semana, Thiago divulgou um vídeo de apoio à família. “Estou passando para me solidarizar de coração mesmo e para parabenizar a minha cunhada pela atitude que ela teve. Certamente eu teria feito muito pior, porque eu não imagino a raiva e o ódio que deve ter passado dentro do coração dela”, disse.
No mês passado, o agora candidato Thiago Gagliasso foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro a indenizar em R$ 10 mil a mãe de um dos jovens assassinados na favela do Jacarezinho durante uma ação policial em maio de 2021, conforme revelou o colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo.
Na ocasião, ele compartilhou nas redes sociais uma foto de uma mulher segurando um fuzil e a entrevista dada pela mãe de uma vítima em um telejornal, dizendo se tratar da mesma pessoa. A informação era falsa e foi desmentida pela polícia.