Clara Cerioni

Historicamente relevante em campanhas eleitorais, neste ano as propostas para a área de saúde dos candidatos a prefeito ganharam ainda mais importância com os desafios impostos pela pandemia da Covid-19. No próximo ano, os novos prefeitos vão enfrentar, além da continuidade da pandemia e da possibilidade de ter que organizar a vacinação da população, uma série de procedimentos de saúde que ficaram represados em 2020.
No município de São Paulo, os dois candidatos que disputarão o segundo turno, Bruno Covas (PSDB) -- que teve 32,85% dos votos válidos -- e Guilherme Boulos (PSOL) -- que ficou com 20,24% dos votos --, dedicam parte expressiva de seus planos de governo para tratar do tema.
<a href="https://conteudo.jota.info/saude"><img class="aligncenter size-medium wp-image-291212" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-saude-v2.jpg" alt="" width="300" height="300" /></a>
A seguir, o <a href="http://jota.info/">JOTA</a> reuniu as principais medidas sugeridas para a área da saúde dos dois candidatos que disputam a prefeitura da capital paulista. Veja:
<h3>Bruno Covas (PSDB)</h3>
Em busca da reeleição, o atual prefeito de São Paulo cita, em 46 páginas do plano de governo, a palavra saúde ao menos 23 vezes. A abordagem foca principalmente nas realizações de sua gestão na prefeitura para a área e apresenta sugestões para ampliar a oferta de serviços públicos de saúde, com especial atenção ao pronto cuidado e à prevenção de doenças. <a href="https://www.covas45.com.br/propostas#PlanodeGoverno" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Acesse o plano de governo na íntegra.</a>
“Foram muitas as realizações e algumas delas nos enchem de especial orgulho. Promover a maior expansão da rede pública de saúde das últimas décadas é uma delas. Oito novos hospitais, quase mil novos leitos permanentes e, ao todo, a entrega de mais de 50 novas unidades de saúde nos últimos quatro anos, que permitiu à cidade muitas vezes zerar a fila de espera por exames e consultas”, diz o documento do plano de governo de Covas.
Um dos eixos de atuação caso ele se reeleja foi nomeado de “toda vida importa”, que tem como objetivo preparar a rede municipal de atenção à saúde para os desafios futuros que a pandemia vai gerar, “como a ampliação das áreas de nefrologia, saúde mental, o combate a comorbidades, como a obesidade, e a atenção especial às mulheres, à primeira infância, à prevenção e ao tratamento de usuários de drogas”.
Segundo as especificações definidas no documento, a gestão de Covas, caso reeleita, promete inaugurar novos hospitais de Parelheiros e Brasilândia, com a oferta de mais de 630 leitos. Outros hospitais serão voltados a necessidades específicas da cidade, como por exemplo, o da Santa Dulce dos Pobres será referência para moradores de rua, e o Guarapiranga para quem precisa de cuidados prolongados. O programa diz, ainda, que o Hospital Sorocabana será ampliado e, junto com o Hospital Brigadeiro, se tornará referência hospitalar na Zona Oeste.
Há a previsão de investimento de R$ 1 bilhão, negociado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para incluir mais 16 novas UPAs e seis Centros de Cuidados Integrados, um em cada região da cidade. “Vamos colocar a tecnologia a favor dos pacientes, ampliando o acesso por meio da telemedicina, inclusive a serviços de saúde mental: 60 mil profissionais serão treinados para atender a população a distância”.
<h3>Guilherme Boulos (PSOL)</h3>
O programa do candidato do PSOL, de 62 páginas, cita a palavra saúde ao menos 83 vezes. Seu planejamento para a área é dividido em duas partes: uma que compreende um período de 180 dias, considerado um plano de contingência para "enfrentar de verdade a pandemia da Covid-19", e um segundo para o resto de sua gestão, caso eleito. <a href="https://virasp.com.br/Programa%20de%20governo-Boulos%20e%20Erundina.pdf" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Acesse o plano de governo na íntegra.</a>
Na primeira parte, Boulos sugere começar por uma contratação emergencial via concurso público para médicos especialistas e de família, além de intensificar atendimentos não presenciais por centrais de teleatendimento e abrir novos leitos comuns e de UTI nas unidades hospitalares já existentes. Em caso de nova alta na taxa de ocupação, o plano do candidato sugere instituir uma “fila única do SUS para administração das vagas de UTI, unindo redes pública e privada da cidade”, bem como ampliar o programa de testes do tipo PCR e sorologias para a Covid-19.
Com a criação da vacina, diz o documento, a proposta é implementar um programa de imunização gerido pelo município, “dando prioridade aos cidadãos que se enquadram nos grupos de risco, trabalhadores de serviços essenciais e população de baixa renda”. Caso seja necessário, há a intenção de abrir novos hospitais de campanha nas periferias.
Por fim, na primeira parte do plano, o candidato promete distribuir cestas de higiene nos bairros menos assistidos e “reverter o desmonte da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) do município para maior controle e ação frente à pandemia”.
Na segunda parte do programa, a equipe de Boulos descreve ações de saúde específicas voltadas a moradores de rua, população LGBT+, população negra, migrantes, mulheres, pessoas com deficiência e usuários de drogas.
No que compreende a população em geral, o documento do candidato propõe ações com base em três principais eixos: o fortalecimento da atenção à saúde, a construção de uma gestão popular no SUS e a construção de uma faculdade de medicina municipal para formar médicos que vivem nas periferias.
No primeiro eixo, o documento propõe: garantir o encaminhamento da atenção básica para exames e procedimentos a partir de uma triagem de prioridades em 3 níveis; garantir que exames e procedimentos sejam feito no máximo em até 1 mês; Ampliar a rede de serviços hospitalares e de urgência e emergência (SAMU, UPA e PS); distribuir regionalmente leitos públicos, incluindo unidades intermediárias e de terapia intensiva; e reabrir hospitais fechados ou promover a abertura completa dos que estão com funcionamento parcial.
O documento segue com as sugestões de universalizar o atendimento odontológico na atenção básica; ampliar os Centros Especializados de Reabilitação; fortalecer os serviços de IST/AIDS; garantir uma distribuição ininterrupta de medicamentos nas unidades básicas de saúde; reativar os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador; e organizar uma Rede de Formação em Saúde Pública que envolva todos os serviços de saúde municipais e instituições de ensino "focado na formação técnico-política dos profissionais".
No eixo de participação popular na gestão e orçamento, o programa discorre que pretende: instituir Distritos da Saúde vinculados às subprefeituras; e construir uma Gestão Popular do SUS, "democrática e formativa, com movimentos sociais".
Por fim, o último eixo envolve a formação de recursos humanos, com a construção de uma faculdade de medicina municipal para formação de médicos oriundos da periferia de São Paulo e garantia de profissionais atuando nas regiões mais desassistidas da cidade. Além disso, o programa quer ampliar o investimento em saúde acima de 20% da receita corrente bruta do município e estabelecer um plano para reverter a privatização da gestão ligada aos serviços de saúde.

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JOTA

Veja quais são os planos para a área da saúde dos dois candidatos que disputarão o segundo turno na capital paulista

As propostas de Bruno Covas e Guilherme Boulos para a saúde em São Paulo

Veja quais são os planos para a área da saúde dos dois candidatos que disputarão o segundo turno na capital paulista, Bruno Covas e Guilherme Boulos