Daniel Marcelino

Embora as pesquisas sejam vistas como um retrato do momento pré-eleitoral e a perfeição preditiva seja inalcançável, a proximidade da votação impõe a necessidade de que esses levantamentos de intenção de votos reflitam o cenário real, se não nos números exatos, ao menos dentro da margem de erro.
No 1º turno e considerando apenas a pesquisa mais recente de cada instituto divulgada na semana da eleição, a média global de discrepância das pesquisas foi de 1,7 pontos percentuais. Esse valor é menor que as margens de erro normalmente divulgadas nas pesquisas, o que reforça o que comunicamos à audiência do JOTA: as pesquisas, em média, têm ficado mais precisas ao longo dos anos. No entanto, existem variações consideráveis em relação à acurácia e precisão entre as casas de pesquisa.
Refazendo o ranking baseado na análise do erro absoluto médio (MAE), agora com os números da apuração finalizados e ampliando a precisão das casas decimais para produzir desempates, a ordem das empresas com os melhores desempenhos fica Quaest (0,88), Paraná Pesquisas (1,19) e  Datafolha (1,26). Veja o levantamento completo dos demais institutos que publicaram estudos nos últimos 7 dias antes da eleição.
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O principal ranking da grade é elaborado com base no cálculo do erro absoluto médio (MAE) das pesquisas, comparando as previsões feitas pelos diferentes institutos com o resultado final da eleição. O cálculo utiliza os dados de votos totais, que inclui nulos e brancos, conforme registrados nas pesquisas e nos resultados oficiais do TSE. Apenas a pesquisa mais recente de cada instituto foi usada no cálculo.
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Outras metodologias
Existem diversas metodologias para avaliar a precisão das pesquisas eleitorais, cada uma com suas vantagens e limitações. O erro médio absoluto (MAE), por exemplo, oferece uma interpretação direta, mas pode mascarar a magnitude real do erro ao anular erros positivos e negativos. A soma absoluta dos erros (SAE) dá uma visão clara do impacto total dos erros, mas a soma não oferece insights sobre o desempenho relativo ou qualidade individual das previsões.
Já o erro médio quadrático (MSE) penaliza erros maiores de forma mais acentuada, porém sua interpretação é menos intuitiva devido à unidade ao quadrado. A raiz do erro médio quadrático (RMSE) busca um equilíbrio entre penalização de erros grandes e facilidade de interpretação, enquanto o erro médio percentual absoluto (MAPE) calcula o erro médio absoluto como uma porcentagem dos resultados reais, mas pode distorcer a análise quando existem candidatos com menor expressão de votos (subestima candidatos “nanicos”). O erro máximo (MAXE), é útil para identificar discrepâncias significativas, embora não reflita o desempenho médio geral.
Adicionalmente, pode-se considerar métodos que ponderam os erros pelo tamanho da amostra ou pela proximidade temporal das pesquisas em relação ao pleito. Cada uma dessas metodologias oferece uma perspectiva válida e potencialmente valiosa para o estudo do desempenho das pesquisas eleitorais.
Nas análises, opto por utilizar os números dos votos totais, em vez dos votos válidos. Embora essa estratégia pareça menos intuitiva - uma vez que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga os resultados em votos válidos, excluindo brancos e nulos - ela oferece vantagens significativas:
<ul>
<li>Os dados são mais puros e contêm menos distorções na divulgação das pesquisas.</li>
<li>Os votos totais proporciona maior versatilidade, permitindo calcular o grau de precisão das pesquisas em diferentes estágios das campanhas eleitorais, como 15, 30, 45 ou 60 dias antes do pleito.</li>
</ul>
Ou seja, ainda que demande um esforço adicional de cálculo, oferece uma base mais robusta e flexível para a análise do desempenho das pesquisas eleitorais ao longo do tempo e em diferentes cenários testados.
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