Luciano Padua

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) anunciou nesta terça-feira (8/5) que desistiu da candidatura à presidência da República. No Twitter, ele afirmou que, após "várias semanas de muita reflexão", não pretende ser candidato. Segundo ele, a decisão é estritamente pessoal.
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Está decidido. Após várias semanas de muita reflexão, finalmente cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a Presidente da República. Decisão estritamente pessoal.
— Joaquim Barbosa (@joaquimboficial) <a href="https://twitter.com/joaquimboficial/status/993839735436140544?ref_src=twsrc%5Etfw">May 8, 2018</a></blockquote>
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Num cenário com mais de duas dezenas de candidatos somado ao desgaste dos políticos tradicionais, Joaquim Barbosa tinha tudo para se beneficiar. O ex-ministro já largava com 10% das intenções de voto em alguns cenários e tinha uma taxa de rejeição baixa. Ou seja, era um candidato muito forte. 
"A taxa de rejeição dele era de 12%, a menor entre oito candidatos. Então, ele tinha muito espaço para crescer", diz Glauco Peres, professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo.
+JOTA:<a href="https://www.jota.info/eleicoes-2018/o-pensamento-de-joaquim-barbosa-em-10-votos-18042018"> O pensamento de Barbosa em 10 votos</a>
Com a desistência, segundo cientistas políticos, fica difícil pensar em uma carreira política eletiva futura para Joaquim Barbosa. "No caso dele, era agora ou nunca. Não faz o menor sentido para ele tentar ser deputado federal ou senador numa eleição futura", diz o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). "Só faria sentido ser presidente. E a hora era agora."
Peres também avalia que as chances de um retorno eleitoral do ex-ministro são pequenas. "A grande chance para um outsider era agora. Em 2022, é provável que o sistema político se reorganize e dificulte que alguém de fora tenha tanta chance como agora", afirma.
Ele pondera que quaisquer questões pessoais levadas em conta para a desistência, como a idade ou problemas de saúde, também tendem a ficar mais intensas daqui a quatro anos.
"Era uma candidatura com bastante chance. Ele atendia a muitas demandas diferentes da sociedade, como o combate à corrupção, além do fato de ele próprio não ter chagas de corrupção, não ser de um grande partido e não ser político profissional", avalia Praça.
O PSB, partido ao qual Barbosa havia se filiado em abril, também foi avisado da desistência nesta manhã. "A reflexão de foro íntimo realizada pelo ministro fez com que a candidatura não seguisse à frente, decisão que o PSB compreende, especialmente, por que é personalíssima", afirmou o PSB em nota. 
Para políticos profissionais
O cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, professor da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), avalia que Barbosa nunca chegou a oficializar sua candidatura. Segundo ele, apesar de um desejo difuso por um candidato que não esteja alinhado à chamada "velha política", esta eleição não será para "amadores".
"Há um alinhamento instável de forças políticas que vai exigir muita experiência e capacidade de articulação. Essa não é uma habilidade que encontramos em candidatos outsiders", aponta Monteiro. "Não vejo que ele tenha a intenção de ter uma carreira política. Está bem instalado profissionalmente no mercado e goza de boa reputação pelo trabalho no STF", avalia.
Até o momento, outros pré-candidatos tidos como outsiders com bom posicionamento nas pesquisas já anunciaram que não farão parte do pleito, como o técnico de vôlei Bernardinho, que era apontado para disputar o governo do Rio de Janeiro, e o apresentador Luciano Huck, cotado para a Presidência da República.
Espólio
O espólio da desistência de Barbosa ainda será disputado, mas cientistas políticos avaliam que todas as candidaturas podem ganhar eleitores do ex-ministro do STF, com exceção de Jair Bolsonaro. "O Bolsonaro tem um eleitorado bem cativo que não era afetado pela candidatura de Barbosa", afirma Praça.
Além disso, a notícia de sua desistência - embora a candidatura nunca tenha sido confirmada - tende a congelar as negociações entre partidos que estava em curso, como as de uma aliança entre MDB e PSDB.
"No final das contas, essa eleição, que parecia tão aberta para um outsider, não vai ter um outsider relevante. Vai ser de políticos profissionais", diz.

barbosa

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JOTA

Segundo cientistas políticos, momento atual era o ideal para que ex-ministro se lançasse como candidato

Joaquim Barbosa desiste da presidência da República e, tudo indica, da política

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, anunciou nesta terça-feira (8/5) que desistiu da candidatura à presidência da República. Para cientistas políticos, com o movimento, fica mais difícil pensar em uma carreira política eletiva para o ex-ministro.