WEBINAR DO JOTA

Fábio Faria: ‘Bolsonaro deve ir à imprensa falar sobre importância das reformas’

Em webinar do JOTA, ministro da Comunicação avalia que governo precisa se comunicar melhor e investir mais

Fábio Faria
Crédito: Carolina Antunes/PR

Titular do recém-recriado Ministério das Comunicações, o ministro Fábio Faria defendeu nesta quinta-feira (20/8) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus ministros devem ir pessoalmente aos veículos de comunicação defender a importância das reformas.

Em webinar da Casa JOTA Online, Faria disse que quer que o governo se comunique mais e afirmou que conta com o apoio dos veículos de comunicação em relação à reforma administrativa e tributária, assim como as empresas de mídia apoiaram, na visão de Faria, a reforma da previdência.

“Todas as semanas temos visto entrevistas de ministros sobre a importância das reformas. O presidente, provavelmente, também deve se manifestar. Acho importante”, falou Fábio Faria.

Apesar de contas com o apoio da imprensa, o ministro avalia que cabe ao governo “mostrar as diretrizes para as pessoas entenderem” o conteúdo das propostas.

Em comparação com a iniciativa privada, Faria disse o governo se comunica muito pouco. Segundo ele, enquanto algumas empresas chegam a reservar 3% de seu faturamento para comunicação, o governo usa somente 0,01% de sua receita.

Como exemplo, ele citou a Caixa Econômica Federal. A instituição financeira, falou, investe mensalmente R$ 50 bilhões em operações de crédito diversas pelo país, mas nada em campanhas publicitárias para dar ciência à população sobre seus serviços financeiros.

Para ele, a comunicação governamental é ainda mais importante quando mais de 21% dos brasileiros não têm acesso à internet. “A TV aberta consegue chegar na ponta, onde a internet não chega.”

Fake news

No momento em que o Tribunal de Contas da União (TCU) tem proferido decisões contrárias ao governo no que tange a anúncios oficiais em sites que divulgam notícias falsas ou que até cometem crimes, Fábio Faria disse que a responsabilidade não é da administração federal.

“Se o governo contrata o Google para fazer uma mídia programada, o Google que escolhe as plataformas e sites que vai distribuir o conteúdo, não é o governo que decide isso”, defendeu o ministro.

Para ele, o governo não desinforma, e sim informa. “A desinformação nunca partiu do governo”, declarou.

O conceito de fake news, falou o ministro, também é subjetivo. Ele disse que cabe ao TCU e ao Congresso Nacional definir os critérios para o aporte estatal em comunicação. “Não é interesse do governo fazer esse tipo de trabalho, até porque não temos instrumentos para isso”, rebateu.

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Funcionalismo

Deputado federal eleito pelo PSD, Fábio Faria acredita que a Câmara dos Deputados manterá o veto do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste salarial para o funcionalismo público, derrubado na noite de quarta-feira (19/8) pelo Senado.

Para ele, esse não é um tema de partido A ou B, mas sim do país. “Vimos o que aconteceu pela manhã com o dólar e a bolsa. Tenho a percepção de que a Câmara cumprirá seu papel, não vejo outra opção”, defendeu Fária.

Devido à sua interlocução com os demais parlamentares, Fábio Faria tem dialogado nesta quinta-feira com congressistas na tentativa da manutenção do veto presidencial.

No webinar, ele contou que logo pela manhã recebeu a tarefa do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

5G

O ministro afirmou que tem trabalhado com uma previsão do leilão do 5G para o primeiro semestre de 2021, prazo inicialmente estimado para o fim deste ano, que foi adiado devido à pandemia do coronavírus.

Questionado se vetará a presença de empresas chinesas no leilão, Fábio Faria disse que a pasta não trata de questões geopolíticas. “Meu papel é buscar todos os players interessados no leilão”, falou.

Posteriormente, após subsidiar o presidente de informações, caberá a Bolsonaro decidir. “A decisão final é dele. É um tema que envolve a segurança nacional.”

Imprensa

O ministro disse que é papel da imprensa divulgar notícias tanto favoráveis quanto contrárias ao governo . “A imprensa normalmente é de oposição. Sabemos que notícia de separação da mais cliques do que de um casamento. Notícias negativas são mais vistas e repassadas, repercutindo mais”, disse.

Para ele, no caso da pandemia do coronavírus, a imprensa passou um longo tempo somente informando o número de mortos. “Passamos quatro meses só falando sobre números de mortes ou se o presidente estava com máscara, sem máscara, se disse isso ou aquilo. Mas o governo estava trabalhando, produzindo”, afirmou.

Nesse contexto, Faria avalia que o governo Bolsonaro soube gerir a crise, contrapondo economia e saúde. “Hoje, nós estamos vendo um país que soube gerir uma crise grave de saúde, com mais de 100 mil mortos. Mas que poderíamos estar num desastre econômico brutal, como foi desenhado no começo da crise”, defendeu o ministro.

Para ele, o Brasil será “um case”. “Após a pandemia, outros países não terão a retomada econômica que o Brasil terá.”