ENTREVISTA

Eleitor vai lembrar o que Lula e Alckmin falaram um do outro, diz Fábio Faria

Ministro de Bolsonaro afirmou que, quando campanha começar, povo vai se ‘assustar com PT’ e recordar passado

O ministro das Comunicações, Fábio Faria / Crédito: Marcos Corrêa/PR

O ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), afirma que a possibilidade de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) é “total”, porque, uma vez que a campanha eleitoral começar, a população vai se “assustar e lembrar como era o PT” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas. Para ele, eventual chapa entre Lula e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin à presidência seria positiva para campanha de reeleição bolsonarista.

O ministro falou, nesta quinta-feira (16/12), sobre as perspectivas para o 5G, o cenário político e as eleições de 2022 em live exclusiva com assinantes do JOTA PRO Poder. A entrevista completa está disponível no canal do JOTA no YouTube.

“A chance de reeleição é total. Os jogadores ainda não foram colocados em campo, falando sobre o que o PT fez, que Lula elegeu a Dilma, a recessão que o país teve, como os bancos públicos eram e são hoje. Durante a eleição, é a hora que as pessoas vão analisar os candidatos”, avaliou.

“Não vejo a base sólida do Lula e do Bolsonaro diluindo. Vejo os dois no segundo turno. O PT não entrou na campanha. Só se fala do Bolsonaro, se usou ou não máscara. Quando o PT fizer carreata e se vestir de vermelho nas ruas, entrar em campo mesmo, as pessoas vão se assustar e lembrar como era o PT”, completou.

Para Faria, a entrada de Geraldo Alckmin para a chapa de Lula, com é aventado, não deve somar pontos e votos ao petista, mas retirar confiança e ser favorável a Bolsonaro. “O povo vai achar que eles estão o fazendo de bobo, que não existe nenhuma verdade. Acredito que é muito pior para eles. Para Lula, é sinalização para o centro; para o Alckmin, é jogar fora todo o seu legado. Eles sempre foram adversários, falaram coisas contra um e outro. É um grande risco a eles”, disse.

Já Bolsonaro precisaria reverter as avalições negativas e conquistar votos além da base de apoio que já tem. Hoje, as pesquisas de intenção de voto mostram o presidente cerca de 20 pontos percentuais atrás de Lula no primeiro turno e com menos de 25% de avaliação positiva sobre seu governo.

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O perfil do presidente no ano eleitoral deve ser mais moderado, segundo o ministro: “Ele aprendeu que tem formas que não adianta reagir para provocar um abalo. Hoje ele tem relações mais fortes com o Supremo e o Congresso. Ele sabe que os conflitos só são ruins para ele, que afetam o dólar e causam instabilidades na economia”.

Além disso, segundo o ministro, a expectativa é manter a base de apoio a Bolsonaro no Congresso para as eleições. “O time político está funcionando e tem ajudado muito o governo. Acredito que o presidente vai pra reeleição com apoio dos mesmos partidos”, afirmou Faria.

Concessão da rede 5G

Em novembro, o Ministério das Comunicações obteve sua principal realização ao concretizar o leilão da rede 5G. No cronograma, foi estabelecido que a rede deve chegar a todas as capitais até julho de 2022, o que deve ser cumprindo, segundo o ministro. A ampliação vai até 2028, pelo plano. De acordo com o ministro, a concorrência deve fazer a cobertura ser atingida antes dos prazos.

“Como tivemos seis novas empresas entrantes, sem 3G e 4G, elas farão o investimento total nos municípios, e não apenas 20%”, disse Faria. “A Tim já falou que em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília vai cobrir 100% de uma vez. Brisanet também vai ter cinco estados, com 250 antenas cobrindo toda a grande Natal, para chegar a todas. Como ela, empresas regionais vão fazer de uma vez. Assim, as nacionais farão a mesma coisa antes de 2028 senão vão perder mercado”, avaliou o ministro.

Ele também falou sobre planos de expandir acesso à internet e o contato com o empresário americano Elon Musk nesse sentido. “A Starlink [empresa de Musk] tem um satélite de baixa órbita, então tem baixa latência e velocidade três vezes maior. E para nós que queremos colocar o 5G em todas as cidades, precisamos de latência baixa. Outra função é para proteger o nosso meio ambiente; não temos, com o que o governo tem em mãos hoje, condição de mapear a Amazônia em tempo real”, disse sobre a potencial parceria.

“Agora, a Anatel está analisando há 120 dias e buscando respostas para colocar todos na mesa e ver quem vai oferecer a quantidade de satélites para cobrir a Amazônia”, afirmou. O projeto entraria no programa Wifi Brasil do Ministério, que instala pontos de conexão em escolas, praças e áreas remotas. Ao todo, segundo o governo, são 15 mil pontos que atendem 9 milhões de pessoas.