CASA JOTA

Conectividade no agronegócio: ganho de eficiência e de sustentabilidade

Na Casa JOTA, especialistas debateram a transformação digital no setor do agronegócio com a ampliação da conectividade

conectividade agronegócio
Crédito: Agência Brasil

O agronegócio brasileiro passa por uma revolução com a ampliação da conectividade nas áreas rurais do país. Essa transformação digital, impulsionada pelos desafios impostos durante a pandemia da Covid-19, gera para essa cadeia produtiva, que corresponde a um quatro do PIB do país, muito mais eficiência. Por consequência, os custos dos alimentos podem ser reduzidos e as práticas sustentáveis, ampliadas.

Esse diagnóstico foi apresentado durante webinar realizado nesta quinta-feira (14/1) pelo JOTA, com patrocínio da Claro, que tratou do tema: “agro e transformação digital – avanços na produtividade com a conectividade”. A conversa contou com a participação de Rodrigo Bonato, diretor do Grupo de Soluções Inteligentes (ISG) da John Deere, Eduardo Polidoro, diretor de IoT da Claro, e Aurelio Pavinato, CEO da SLC Agrícola.

Segundo dados do Sebrae apresentados por Rodrigo Bonato, da John Deere, durante a pandemia 37% dos produtores rurais passaram a usar o meio digital como forma de gerenciamento das propriedades. No entanto, 70% mencionaram dois grandes desafios para isso: o alto custo de investimento em tecnologias de conectividade e as dificuldades de conexão no país.

“Em função disso, trabalhamos com a Claro para que a gente possa democratizar a conectividade. Esse é o intuito”, disse, ao citar a iniciativa “Campo Conectado”, lançada durante a pandemia e que consiste em o produtor não precisar fazer investimentos próprios em infraestrutura de telecomunicações. A expectativa é de conectar 15 milhões de hectares de campo até este ano.

Para Eduardo Polidoro, a pandemia fez com que a conectividade passasse a ser vista como sobrevivência, além de começar a ser analisada do ponto de vista de qualidade. “Fazer essa live com qualidade de áudio, vídeo e de sinal para todos os participantes é super importante”, afirmou.

“Levando isso para o agro: antes, as operadoras sempre pensavam em atender o máximo da população que está na cidade, mas agora ficou claro que a gente precisa investir na área rural. A conectividade, na pandemia, foi um grande ganho para quem tem e uma grande dor para quem não tem”, avaliou Bonato.

Na visão de Aurelio Pavinato, da SLC, a agricultura digital vai gerar ganhos de eficiência, principalmente no que diz respeito às práticas de nutrição e proteção das culturas. “Uma vez que você precisa identificar qual nutriente está faltando, e tendo imagem de satélite, drones e robôs, será possível medir com precisão as necessidades de cada plantação”, disse.

“Depois entra todo o campo de manejo de pragas e doenças. Isso sempre foi feito de forma manual, que então gera uma recomendação e daí se aplica o produto em toda a lavoura. Com os mapas digitais, é possível identificar regiões onde há necessidade de aplicação. Ou seja, dar remédio só para as plantas que precisam”.

Para todo o país, segundo os participantes, o ganho de eficiência no agronegócio representa também um ganho para a economia brasileira e uma redução de custos para os alimentos.

“O Ministério da Ciência e Tecnologia divulgou que a cada 10% de aumento de eficiência e produtividade no agronegócio, o PIB do Brasil cresce 2,5%. Ou seja, todo benefício da adoção de tecnologia se converte para a economia brasileira”, afirmou Rodrigo Bonato.

“Mais produtividade, qualidade e eficiência gera mais produção, mais oferta. Isso provoca redução de preços e proporciona alimento mais barato para a sociedade”, avaliou Aurelio Pavinato.

Rastreabilidade

Dentre os ganhos com a chegada da internet no campo, os especialistas apontaram que um dos mais relevantes será para a imagem do Brasil em relação ao desmatamento. Isso porque, com mais conectividade, será possível garantir a rastreabilidade dos alimentos.

“Nós acreditamos em um desenvolvimento da agricultura tropical sendo feito de forma muito séria. A conectividade é a cereja desse bolo, porque com a rastreabilidade poderemos não só comunicar que o agro é sustentável, mas provar que ele é feito sob as condições de sustentabilidade ambiental, social e econômica”, disse Rodrigo Bonato.

Conectividade no agronegócio: 5G não trará diferencial

Uma das principais promessas para ampliar o acesso à internet em todo o mundo é a conexão 5G, que dá mais velocidade para navegar. Entretanto, de acordo com Eduardo Polidoro, diretor de IoT da Claro, essa ferramenta não fará diferença para o setor rural.

“A grande diferença do 5G é que as tecnologias de baixa latência terão frequência alta, mas de pouco alcance. Se for pensar no agro, ela é uma solução menos viável porque as áreas são extremamente grandes. Acaba fazendo mais sentido nas cidades”, explicou.

Leia mais sobre o tema no JOTA.