CASA JOTA

Biossimilares seriam alternativa a medicamentos de alto custo no sistema de saúde

Assim como genérico, fármaco reproduz efeito e segurança de tratamentos inovadores após quebra de patente

Crédito: Unsplash

O desenvolvimento de novos medicamentos biossimilares, sobretudo para doenças raras, e a incorporação desses produtos pelos sistemas de saúde podem ser promissores para reduzir custos de tratamentos e, assim, atender número maior de pacientes.

Os desafios para o Brasil avançar tanto na concepção quanto na comercialização desses fármacos foram discutidos em webinar da CASA JOTA, patrocinado pela Sandoz, nesta quinta-feira (16/12).

De forma semelhante aos genéricos, o desenvolvimento dos medicamentos biossimilares acontece após queda das patentes dos remédios biológicos inovadores. Em síntese, eles buscam reproduzir os efeitos de um medicamento com eficácia e segurança que, até então, eram únicos. Como se trata de uma geração posterior, demandam menos investimento.

“A grande vantagem desse tipo de medicamento é promover o acesso aos pacientes. Embora ainda tenha um custo de desenvolvimento elevado, chegando a US$ 700 milhões, é 30% menor do que o investimento de um fármaco de referência”, destacou Cleber Sato, head de Medical Affairs da Sandoz.

De acordo com ele, um número limitado de países tem acesso à maior parte dos medicamentos inovadores lançados nos últimos anos, em grande medida por causa dos custos elevados. “Com a chegada de um biossimilar, o custo do referência também cai. É importante mostrar que ele não tem diferenças significativas, atingindo segurança e efetividade comparáveis”, disse Sato.

Até ser lançado, um medicamento inovador passa por diversos estudos em etapas para definir eficácia, doses a segurança. Basta observar os diferentes estágios que cada uma das vacinas precisou percorrer até serem aprovadas pela Anvisa, com diferentes testes em laboratório, animais e humanos.

Nos biossimilares, é feito o processo oposto, conforme explicou Sato: “Tomamos uma molécula que já existe e fazemos um caminho para criar outra semelhante, mantendo certa parte e demonstrando que as diferenças que ela têm não comprometem a eficácia nem a segurança do novo medicamento”.

Diferentemente dos medicamentos inovadores, a promessa dos biossimilares não é promover resultados que, até então, outros fármacos não eram capazes. O avanço ofertado por eles é, substancialmente, econômico.

“O sistema de saúde vai colapsar em algum momento se não tivermos soluções que também reduzam custos. É raro que se tenha tecnologia equivalente e mais barata. Por isso, quando se tem isso e não se usa, significa que pacientes não estão sendo atendidos”, comentou Stephen Stefani, oncologista especialista em economia da saúde e auditoria médica.

“É preciso haver um motivo muito sólido para não substituir quando é possível. Mas isso não basta, tornar a saúde mais barata requer uma série de ações, como precificação diferente para os países. A pandemia mostrou que, se não há solução para o planeta como um todo, o efeito é global”, completou o médico.

Reduzir gastos com medicamentos e, consequentemente, ter mais espaço orçamentário para alcançar pacientes que estariam desatendidos parte de investimentos em ciência e aperfeiçoamento de políticas públicas.

“Precisamos de mecanismos para criar igualdade no acesso nos sistemas privado e público de saúde. A discussão que queremos é com autoridades que investem em pesquisa, agentes públicos e pacientes para pressionar por mais celeridade na incorporação de soluções”, afirmou o deputado federal Pedro Westphalen (PP-RS).