Alexandre Leoratti

Os programas de pós-graduação em Direito no Brasil são distribuídos de maneira irregular e desigual, com forte presença nas regiões Sul e Sudeste. Elas concentram 72% do total do total de programas de pós-graduação existentes no país. Na região Norte, que tem a menor quantidade de programas, há somente quatro cursos de pós-graduação: três no Pará e um no Amazonas.
 A conclusão é da <a href="http://www.scielo.br/pdf/rdgv/v13n3/1808-2432-rdgv-13-03-0891.pdf" target="_blank" rel="noopener">pesquisa</a> "O mapa da pós-graduação em Direito no Brasil: uma análise a partir do método da Social Network Analysis", produzida pelos pesquisadores Ian Pimentel Gameiro, da Universidade de Coimbra, em Portugal, e Gilberto Guimarães Filho, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
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A pesquisa, realizada por meio do programa de dados Ucinet, que permite a análise das trocas e interações  entre cada programa de pós-graduação no país, identificou que a irregularidade na distribuição dos cursos também se reflete no mapeamento dos docentes pelos programas de pós-graduação no país. Mais da metade dos professores se concentra na região Sudeste e 24%, na região Sul. Na região Norte, por exemplo, estão apenas 3% dos docentes de pós graduação em Direito. 
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O mesmo padrão de distribuição foi observado pelos pesquisadores para professores com graduações no exterior. A maior parte deles - formados na Espanha, França e Estados Unidos - vão para programas no Sudeste e Sul do país. A região Nordeste, por exemplo, recebe 17% desses profissionais com títulos no exterior, enquanto que a Sul recebe 30%.
De acordo com Ian Pimentel, um dos autores do levantamento, apesar da distribuição irregular dos cursos de pós-graduação presentes no país, a pesquisa também identificou que o Brasil possui uma das mais extensas redes de programas do mundo. 
"Do momento em que realizamos a pesquisa até agora, já foram criados mais 15 novos programas. As universidades privadas não param de criar novos cursos de pós-graduação", diz. 
Para Wilson Engelmann, coordenador do programa de pós-graduação em Direito da Unisinos, a grande quantidade de programas de pós-graduação é consequência do número de cursos de graduação no país. "Parte desses alunos segue na magistratura e advocacia e precisa continuar a sua formação em uma pós-graduação. O conhecimento gerado na faculdade, às vezes, pode ser insuficiente para lidar com os dilemas da profissão", afirma o pesquisador. 
Além da grande quantidade cursos, Engelmann explica que a desigualdade de distribuição da pós-graduação também ocorre devido à influência demográfica do eixo Rio de Janeiro-São Paulo. “É uma região com muitas pessoas e com maior facilidade de acesso. Isso gera uma destaque maior. Entretanto, percebemos que há um começo de movimento de expansão para extremos do país”, avalia.
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[caption id="attachment_133542" align="aligncenter" width="1022"]<img class="wp-image-133542 size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2018/05/a3868de2f5c6b8d927278bf675211856.jpg" alt="" width="1022" height="765" /> Rede dos programas de pós-graduação no Brasil[/caption]
Internacionalização 
Apesar da grande extensão da rede de cursos de pós-graduação no Brasil, os profissionais entrevistados pelo JOTA afirmaram ainda ser possível um salto de qualidade nos programas nacionais. Segundo eles, buscar tornar os cursos mais internacionais e estimular o intercâmbio de alunos e professores são formas de aprimoramento da pós-graduação em Direito no Brasil. 
Para Engelmann, o idioma ainda é uma barreira para a internacionalização de trabalhos e pesquisas empíricas nacionais. "Ter pessoas com capacidade de traduzir aquela ideia do texto em inglês ainda é uma dificuldade. É um desafio além do jurídico", afirma. 
Mesmo com com as dificuldades enfrentadas pela barreira linguística, Engelmann acredita que um "start" de internacionalização já esteja em curso nos programas de pós-graduação no Brasil. 
"Percebemos que todos os principais programas possuem atividades com foco na internacionalização. Faculdades da Europa, Estados Unidos e Ásia estão cada vez mais abertas para intercâmbio com as brasileiras", afirma Engelmann.  Ele acrescenta que o início do processo de internacionalização representará um avanço na qualidade das pesquisas produzidas nacionalmente. 
Os mais influentes
A pesquisa também concluiu que o programa de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) é o que tem maior poder de influenciar o conhecimento jurídico do Brasil. Nesse quesito, a segunda colocação de programas mais influentes é ocupada pela USP. 
As conclusões foram realizadas após o estudo das interações dos programas e suas densidades, gerando um índice de centralidade. As interações e densidades são as trocas de professores e de conhecimento entre programas já existentes, ou seja, faculdades que mais fornecem mão-de-obra para outras instituições. 
De acordo com Pimentel, o predomínio dessas faculdades ocorre devido à tradição de seus programas. "É normal que as instituições mais tradicionais tenham esse predomínio de influência. Em outros países acontece o mesmo, como é o caso de Coimbra, em Portugal. O valor social do diploma e seu prestígio são grandes", afirma  Pimentel.
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Apesar do predomínio das instituições com programas mais antigos e tradicionais, Pimentel destaca que outras instituições, mais novas, possuem a mesma qualidade, influência e estrutura das instituições líderes do ranking. "É o caso de faculdades como Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Paraná, Unisinos, entre outras", explica o pesquisador. 
Para Engelmann, a influência dos programas tradicionais  acontece devido à transmissão do conhecimento aprendido na instituição. "Muitos profissionais estudam pensamentos e ideias em uma universidade. Depois que concluem o programa, eles levam essa formação para suas faculdades de origem, em instituições de outras regiões e assim é gerada uma corrente de pesquisa no Direito", diz.

Pixabay

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JOTA

Estudo mapeou cursos presentes no país. USP e PUC-SP possuem os programas mais influentes 

Sudeste e Sul concentram 72% dos cursos de pós-graduação em Direito

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Os programas de pós-graduação em Direito no Brasil são distribuídos de maneira irregular e desigual, com forte presença nas regiões Sul e Sudeste.Na região Norte, com a menor quantidade de programas no Brasil, há somente quatro cursos de pós graduação: três no Pará e um no Amazonas.