Carolina Caiado

Muitas são as dúvidas que pairam sobre o exercício da advocacia com a chegada massiva e cada vez mais presente da inteligência artificial. Na era em que o <a href="https://www.ibm.com/watson/br-pt/" target="_blank" rel="noopener">Watson</a> já é capaz de analisar contratos, redigir petições e preparar relatórios de due diligence, qual será o papel do advogado no mercado? O que podem esperar os jovens estudantes e advogados recém-graduados da profissão?
O exercício da advocacia pressupõe a vocação, o conhecimento técnico e o engajamento do advogado com seus clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. O conhecimento técnico é um pressuposto e deve ser cada vez mais especializado, dado que trabalhos mais operacionais já estão sendo realizados por inteligência artificial. Justamente por isso, penso que o futuro da nossa profissão demandará ainda mais a vocação do profissional e seu engajamento com os clientes.
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No que se refere à vocação, é importante que advogado goste de atuar na defesa dos interesses de terceiros. Se a atuação ocorrer na iniciativa privada, seja nos escritórios ou empresas, a vocação deve ser aliada à flexibilidade para se inteirar de outras áreas do conhecimento, a exemplo de finanças, marketing e do próprio negócio do cliente.
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Hoje, os clientes esperam que os advogados – internos ou externos – sejam parceiros do negócio, sempre seguindo a ética que rege a profissão. Não raro hoje são vistos CEOs, conselheiros e executivos advogados.
A flexibilidade também envolve o “jogo de cintura” do advogado para navegar nas empresas e escritórios, onde não há a estabilidade dos cargos públicos. Dificilmente o profissional será aposentado passando por um ou dois trabalhos.
Isso envolve a capacidade do advogado de construir e manter relacionamentos com os colegas de trabalho. Amanhã o seu colega de baia poderá ser seu cliente ou seu futuro empregador. Hoje, depois de alguns anos de profissão, tenho clientes que são ex-colegas dos outros escritórios onde já atuei, ex-chefes e gestores, e até mesmo contrapartes de outros carnavais.
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Por outro lado, é preciso se engajar com as demandas do cliente. Aquele que contrata um advogado dele espera a solução do seu problema. Isso envolve saber ouvir muito, entender a ansiedade do cliente, o que ele precisa e tentar ajudá-lo a solucionar sua demanda.
Engajar-se também pressupõe ter empatia com o cliente, colocar-se no lugar dele, o que significa, por exemplo, escrever de uma forma mais executiva e acessível àqueles que não são advogados; expor objetivamente os riscos e diversas nuances de uma demanda, posicionando-se de forma clara e assertiva, evitando as famosas opiniões “em cima do muro”; e até mesmo se preocupar em preencher o famoso time sheet de forma clara!
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Quem gostaria de pagar uma nota de honorários mediante apresentação de um relatório de horas em que não é possível entender o trabalho que foi feito? Novamente, vale aqui a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do cliente.
Vocação e engajamento são características muito humanas. O dia a dia do relacionamento advogado-cliente, por mais formal que seja, ocorre entre pessoas, que tem sonhos, objetivos e problemas a serem resolvidos.
Se o jovem advogado estiver confortável nessas duas características, aliando-a ao conhecimento técnico, certamente terá grandes chances de ter sucesso no mercado e de ter os avanços tecnológicos como aliados, não como ameaças.

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JOTA

É preciso ter engajamento e flexibilidade no trato com os clientes

Advocacia é muito mais do que vocação

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JOTA Discute

Muitas são as dúvidas que pairam sobre o exercício da advocacia com a chegada massiva e cada vez mais presente da inteligência artificial. Na era em que o Watson já é capaz de analisar contratos, redigir petições e preparar relatórios de due diligence, qual será o papel do advogado no mercado?