Justiça do trabalho

Time de e-sports é condenado a indenizar família de gamer morto em R$ 400 mil

Jogador conhecido como ‘brutt’ morreu em decorrência de uma infecção no sistema nervoso central, aos 19 anos

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Matheus Queiroz Coelho, o “brutt”. Crédito: Divulgação/CBCS

O time profissional de e-sports Imperial foi condenado a indenizar em R$ 400 mil a família do gamer Matheus Queiroz Coelho, o “brutt”, morto aos 19 anos em decorrência de uma infecção no sistema nervoso central, em 2019.

A decisão é da juíza Patrícia Almeida Ramos, da 69ª Vara do Trabalho de São Paulo, no processo 1000983-89.2020.5.02.0069. Cabe recurso.

O jovem começou a passar mal enquanto disputava o Campeonato Brasileiro do jogo Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), a serviço da Imperial.

Para a juíza, a empresa contribuiu para a morte de brutt ao não prestar nenhum tipo de assistência médica ou psicológica, visto que ele já tinha passado por outras internações anteriormente.

De acordo com o processo, a situação foi agravada por condições precárias de trabalho e de moradia. Coelho morava em uma “gaming house”, junto a outros integrantes da equipe. O local, segundo a família, tinha “condições sub-humanas, humilhantes e insalubres”, com ventilação inadequada e ruídos constantes. Além disso, os gamers seriam submetidos a treinos extenuantes.

Ao condenar a Imperial, a juíza ressaltou que a condenação tem caráter punitivo — ou seja, não visa a vítima, mas a punição ao autor da ofensa. “Não se pode olvidar que o sofrimento causado pela morte de um ente amado é impassível de reparação; impedir que o empregador pratique novamente o ato com os demais empregados é o objetivo da indenização do dano moral”, comentou ela.

Em nota divulgada pelo site GloboEsporte.com, a Imperial diz que a sentença é equivocada e que vai recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2).

A defesa da empresa afirma que Matheus Coelho prestou serviços por cerca de 40 dias e, portanto, “não seria razoável que a empresa houvesse sido a causadora de sua doença e morte”.

Ainda conforme a nota da Imperial, a “empresa cumpriu suas obrigações, proporcionou-lhe totais condições de realizar seu jogo, lamentando profundamente o falecimento” e “prestou-lhe toda assistência, inclusive à sua família”.