
Acalorados debates entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como os que ainda vemos hoje em dia, sempre foram rotina na Corte. A diferença é que, agora, qualquer cidadão pode acompanhar ao vivo as discussões jurídicas e as trocas de farpas que vez ou outra acontecessem.
Mas, como o STF e seus ministros começaram a se abrir para a opinião pública? E como foi a luta de um ministro para impedir que isso acontecesse? Essa história é contada no primeiro episódio do “Paredes São de Vidro”, podcast do JOTA disponibilizado a partir desta quarta-feira (25/08) e que conta como o Supremo deixou para trás o papel de coadjuvante. O programa mostra como o Tribunal se tornou um ator central nas principais decisões da história recente do país. Nesta página, você pode se cadastrar para ser avisado dos novos episódios e receber conteúdo extra sobre o tema preparado por nossa equipe.
A cronologia de um Supremo televisionado em tempo real passa pelo embate acalorado de um ministro conservador e um grupo de jornalistas. Moreira Alves fora nomeado para a Corte durante a ditadura militar. Era um conservador em todos os sentidos.
Como uma espécie de síndico do Supremo, demonstrava essa característica principalmente na relação dele com a imprensa. Nada de entrevistas ou holofotes sobre o tribunal. O tempo passava e um grupo de jornalistas tentava abrir o Supremo para a opinião pública. Moreira Alves não cedia.
Para que os ministros perdessem o medo das câmeras, um dos assessores do STF mandou que instalassem no teto do plenário os aparelhos que transmitiriam as sessões apenas para os gabinetes – um público próximo e de confiança.
Com o passar o tempo, a TV Justiça entrou no ar, mas os julgamentos do Supremo não eram transmitidos ao vivo. À noite, depois da sessão, uma versão editada, sem as brigas, ia ao ar. E assim foi até que, um dia, Moreira Alves e Maurício Corrêa, então presidente do STF, discutiram. Como de costume, foi ao ar um resumo da sessão, e Corrêa não gostou do que viu. A partir daquele dia, a Corte passou a transmitir as suas sessões ao vivo, pela TV Justiça.
Essa é apenas uma parte da história contada no primeiro episódio do “Paredes São de Vidro”, programa patrocinado pelo Conselho Federal da OAB, pela TORRE Comunicação e Estratégia e por Caputo Bastos e Fruet Advogados.
“O podcast é uma história contada em quatro episódios, que envolve ministros, ex-ministros, assessores de comunicação, jornalistas e disputas que começaram na década de 1970, 1980, por mais atenção da imprensa, passando por uma tentativa, na década de 1990, de popularizar o Tribunal nos programas de auditório, chegando na década de 2000 à resistência de ministros em serem filmados no Plenário, e, agora, com esse debate sobre politização do STF e espetacularização de suas decisões”, conta Felipe Recondo, cofundador do JOTA, apresentador e roteirista do “Paredes São de Vidro”. O podcast conta ainda com a edição e roteiro de Eduardo Gomes.