Pâmela Hoffmann Castilhos Lopes

As faculdades de Direito nos preparam para sermos advogados, conhecedores da lei, profissionais que saibam qual a melhor forma de aplicá-la e interpretá-la, o que não é tarefa fácil. Entretanto, quase não falamos ou discutimos o mundo corporativo enquanto acadêmicos de graduação e, mesmo nas especializações, acabamos não tendo a real noção de como é diferente a cadeira do advogado corporativo das demais carreiras jurídicas.
Contudo, essa falta de incentivo nas academias não impede que muitos colegas direcionem sua carreira para o mundo corporativo e demonstrem cada vez mais o quanto a contribuição do advogado interno é relevante para o desenvolvimento do negócio.
<a href="https://conteudo.jota.info/poder-contato"><img class="aligncenter wp-image-244336 size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2020/04/cta-risco-politico.png" alt="" width="1080" height="1080" /></a>
Mas, quais são as habilidades exigidas para ser um advogado corporativo? Seria difícil enumerar e muitas delas são específicas para cada tipo de negócio em que o advogado irá atuar, mas vamos elencar aquelas que são imprescindíveis, independente do segmento de mercado.
Iniciando com a base: conhecer o negócio, conhecer a sua operação do início ao fim, seus detalhes, fragilidades, pontos fortes e, principalmente, os seus clientes internos e seu dia a dia.
O que distingue o parecer do escritório externo, que conhece todo o cenário jurídico – legislação, doutrina e jurisprudência, e tem todas as informações relacionadas, do parecer do jurídico interno é justamente esse conhecimento. Saber o que vai além do jurídico, qual a aptidão de risco e o quanto uma operação é relevante.
<blockquote class="jota-article__eye">Esse conhecimento só se adquire vivendo o dia a dia no negócio e principalmente com atitude e olhar de dono. </blockquote>
Facilmente avaliamos as situações apenas através da ótica jurídica, o que é de extrema relevância e não pode ser deixado de lado, mas precisamos ir além e para isso é necessário o completo entendimento do negócio em que atuamos.
Algo que está englobado na necessidade de conhecer o negócio e apesar de parecer simples, nem sempre é: conhecer a linguagem e conceitos corporativos. É essencial que o advogado corporativo esteja familiarizado com termos de mercado como: Ebtida, Saving, Cost Avoid, Cif, Fob, além de ter noções básicas de contabilidade, logística e pessoas.
Adicionalmente, precisa de outros conhecimentos diretamente vinculados ao seu negócio, por exemplo: se você atua em uma indústria, precisará conhecer os principais pontos da transformação, máquinas, matérias-primas. Em uma operação de prestação de serviço, os seus colaboradores, perfil, sindicatos e assim por diante.
Em qualquer reunião ou encontro com clientes internos, esses são termos e definições que serão trazidos e considerados. É impossível sermos especialistas em todos os temas que tratamos e somos questionados sobre, mas fundamentalmente precisamos ter essas noções para poder entender a linguagem do nosso cliente e responder da mesma forma, focando em terminologias que, para o advogado, algumas vezes não fazem muito sentido, mas podem ser o coração de determinado setor.
Com empatia, podemos atender nosso cliente interno da melhor maneira e trazer resultados que contribuam para o negócio. Essas são outras duas características de suma importância para o advogado corporativo: ter empatia com seu público e saber o que contribui.
Precisamos levar os temas ao nosso cliente interno de maneira alinhada com a sua linguagem, não apenas simplificar o direito, mas demonstrando onde e como isso afeta a operação, onde temos a oportunidade e onde e porque o risco existe.
De nada adianta apontarmos que determinado artigo de lei proíbe ou permite uma conduta. As companhias precisam saber como isso impacta no seu dia a dia, qual o resultado e como agir da melhor maneira diante da realidade jurídica.
Precisamos também estar sempre atentos às novas oportunidades e legislações, conectadas ao mercado que atuamos, para alertar os envolvidos sobre eventuais benefícios e pontos de atenção que possam impactar o negócio.
A inovação deve fazer parte do cotidiano dos departamentos jurídicos, sendo importante que o advogado se identifique com tecnologia, vez que é difícil gerenciarmos tantas demandas e áreas tão distintas sem ferramentas digitais. Tais recursos são uma excelente forma de demonstrar e montar os indicadores da área, de forma a apresentar os resultados e números do jurídico dentro da empresa.
Não é uma tarefa simples, mas se o direito corporativo te faz os olhos brilharem, buscar as competências citadas, ter “braço longo” e foco no resultado, ele te levará a ser um advogado parceiro do negócio com sucesso.
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Episódio desta semana do ‘<a href="https://www.jota.info/tudo-sobre/sem-precedentes" target="_blank" rel="noopener noreferrer">Sem Precedentes</a>‘, podcast sobre STF e Constituição, analisa a judicialização precoce da vacinação contra a Covid-19 no STF. Ouça:
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JOTA

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