Luiz Orlando Carneiro

Duke Ellington afirmou uma vez que o também pianista-compositor Billy Strayhorn - seu mais íntimo colaborador desde a década de 1940 - era “a minha mão direita, a minha mão esquerda, os olhos atrás da minha cabeça, as minhas ondas cerebrais na cabeça dele e vice-versa”. Logo depois da morte de Strayhorn, aos 51 anos, em 1967, Ellington gravou um precioso álbum-tributo intitulado And His Mother Called Him Bill (RCA).
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Vale lembrar que Take the A Train – que virou uma espécie de prefixo da Duke Ellington Orchestra - era de autoria de Billy. E são também de sua lavra outros hits inseparáveis da “Ellingtonia” como Lush life, Satin doll e Chelsea Bridge.
Esta introdução é para registrar e recomendar o lançamento do álbum Passion Flower: The Music of Billy Strayhorn (Sunnyside Records), já disponível nas lojas virtuais, assinado pelo pianista e arranjador John DiMartino como líder de um quarteto com o excepcional saxofonista tenor Eric Alexander e outros dois jazzmen da “Primeira Liga”: Lewis Nash (bateria) e Boris Kozlov (baixo).
DiMartino, 60 anos, é um daqueles musicians for musicians que se apresenta no seu site, laconicamente, como “compositor, arranjador, pianista de jazz e educador baseado em New York City”. Ou seja, é muito conceituado no seu meio, quando jovem chegou a ter aulas com Lennie Tristano, mas acabou se projetando como sideman de intérpretes tão variados como o “conguero” e chefe de orquestra Ray Barretto (1929-2006) ou o cantor Freddy Cole.
Mas neste Passion Flower, no qual recria com parceiros escolhidos a dedo 14 composições de Strayhorn, John DiMartino nos oferece um recital de técnica – primorosa, mas sem ostentação – e de criatividade inesperada - como na total reinvenção de Take the A Train (4m15), com a participação destemida de seus pares.
Abre a setlist uma versão de Johnny came lately (5m15), com animados solos de DiMartino e de Alexander, mais a participação intensa da seção rítmica Nash-Koslov. O quarteto mantém a mesma disposição, sempre com muito swing, em Rain check (4m20). E nos solos e trocas de compassos de Isfahan (6m55), Daydream (6m30) e U.M.M.G. (3m35).
O pianista-líder, é claro, selecionou algumas composições mais contemplativas, mais impressionistas, de Billy Strayhorn: Chelsea Bridge (6m), Passion flower (4m50), A flower is a lovesome thing (4m45) e Lotus blossom (2m30). Nestas duas últimas Di Martino dispensou os partners, e ficou a sós com o seu piano. Mas convidou o vocalista Raul Midon para se juntar ao quarteto na interpretação de Lush life (4m20).
Veja e ouça a gravação de Take the A Train:
https://www.youtube.com/watch?v=ymPk7XWb638
(Samples de todas as faixas em: <a href="https://www.allmusic.com/album/passion-flower-mw0003355475" target="_blank" rel="noopener noreferrer" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://www.allmusic.com/album/passion-flower-mw0003355475&amp;source=gmail&amp;ust=1588422757687000&amp;usg=AFQjCNEl2x0DZViDFtG9heb0wxYGxl81RQ">https://www.allmusic.com/album/passion-flower-mw0003355475</a> )

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JOTA

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