Luiz Orlando Carneiro

O guitarrista Roni Ben-Hur, nascido em Israel há 56 anos, novaiorquino desde 1985, passou a ser devidamente apreciado e cotado pelos jazzóflilos e pela crítica especializada com a série de seis álbuns que gravou para a etiqueta Motéma entre 2007 e 2015, dos quais alguns com temática colhida ou inspirada na música popular brasileira. Tais como Mojave (2011) – um trio com Nilson Matta (baixo) e Victor Lewis (bateria) – e Alegria de Viver (2015) – em duo com Leny Andrade, 78 anos, chamada nos Estados Unidos de a “Ella Fitzgerald brasileira”, e hoje aposentada.
Agora, no recém-lançado Stories (Dot Time Records), Ben-Hur volta-se para o seu passado, e apresenta uma seleção de oito temas muito pessoais, que ele mesmo intitulou de “histórias”, buscando “construir uma ponte lírica atemporal ligando memórias de infância ao mundo de hoje”. Nas notas de apresentação do CD ele acrescenta: “A gravação de Stories foi uma experiência única e muito gratificante, permitindo-me incorporar canções que eu amava desde a infância, e outras que se referem a questões sociais para mim importantes, isso tudo contando com a maestria dos artistas deste álbum”.
<a href="https://www.jota.info/produtos/tributos?utm_source=Banner%20site&amp;utm_medium=Artigos&amp;utm_campaign=CTA_Tributos_materias" rel="attachment wp-att-291213"><img class="size-medium wp-image-291213 aligncenter" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2021/01/jota-pro-tributos-v2.jpg" alt="" width="300" height="300" /></a>O alto quilate dos outros integrantes do quinteto pode ser medido a partir do brilho de George Cables, 76 anos, que foi o pianista preferido do inesquecível saxofonista Art Pepper (1925-1982), com quem gravou 15 álbuns no período 1976-1981. E também pelo trompete cristalino, elegante, sempre inspirado de Ingrid Jensen, 55, que se elevou no horizonte do jazz como solista da grande (em todos os sentidos) orquestra de Maria Schneider. O baixista Harvie S (Swartz), 72, por sua vez, brilhou desde a década de 70, quando foi partner do pianista Steve Kuhn em quatro álbuns para a ECM. Victor Lewis, 70, ganhou fama como baterista em vários discos dos também venerados Stan Getz (1927-1991) e Kenny Barron, 77 anos.
Duas vocalistas atuam como convidadas em três faixas do álbum: a israelense Tamuz Nissim e a mexicana Magos Herrera, ambas também radicadas em Nova York. Nissim é comovente em Ha’omnam (4m35), interpretando em hebraico a letra da canção de mood triste, em feitio de oração, de autoria da poeta Leah Goldberg – mas não deixa de inventar um scat à guisa de coda. Herrera abre e fecha a faixa inicial, La serena (5m), uma marcante canção sefardita, com a sua voz de contralto contrastando com o trompete de Ingrid Jensen. Ela volta em A redoblar (7m10), trocando solos com a pistonista e com o guitarrista-líder.
Das cinco faixas puramente instrumentais de Stories as mais swinging e/ou bluesy são: Melodious funk (8m50), composição do pianista George Cables; Something for Kenny (6m), do também pianista Elmo Hope (1923-67), de vida curta, mas ícone do bebop; Ma’of (7:55), peça de autoria do guitarrista-líder Ben-Hur, dedicada às suas duas filhas.
(Ouvir faixas de Stories em: <a href="https://dottimerecords.bandcamp.com/album/stories" target="_blank" rel="noopener noreferrer" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://dottimerecords.bandcamp.com/album/stories&amp;source=gmail&amp;ust=1619271273169000&amp;usg=AFQjCNGJpvfzgENdOIKf1yIVC7lfEcvmfA">https://dottimerecords.bandcamp.com/album/stories</a>)

Roni Ben-Hur

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JOTA

George Cables e Ingrid Jensen estão no quinteto do jazzman israelense

As Stories do guitarrista Roni Ben-Hur

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