
O governo Jair Bolsonaro (PL) enfrentou uma das mais críticas semanas desde que começou, em 2019. De largada, entrou em vigor o novo reajuste dos combustíveis, o que sempre ajuda a piorar o humor com a economia. Na segunda-feira, o presidente da Petrobras renunciou, gerando um barulho que impactou o mercado juntamente com o já difícil cenário externo.
Em seguida, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso sob suspeita de tráfico de influência, criando uma dúvida nos eleitores sobre o discurso de combate à corrupção que foi uma marca de Bolsonaro quando se elegeu.
Apesar de toda a agenda negativa, o governo e a campanha do presidente ficaram aliviados com as novas pesquisas, que mostram um cenário bastante estável nas intenções de voto.
Isso abre margem para uma série de ações que deverão ser implementadas pelo Planalto a partir de agora: vem aí um grande pacote de bondades, de auxílios, vales e vouchers para tentar equilibrar o jogo sobretudo com a população mais carente, onde o rival Lula, líder nas pesquisas, tem melhor desempenho. Ou seja, aumenta a chance de convergência política para medidas populistas e de curto prazo na pauta do Congresso e do Executivo.
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Enquanto isso, o ex-presidente Lula também vê motivos para celebrar as pesquisas, já aparece na maior parte delas próximo de atingir a maioria simples, que seria suficiente para uma possível vitória ainda no primeiro turno. E de olho nessa chance, o petista procurou suavizar o tom do seu programa de diretrizes para um futuro governo — notadamente prometendo novos marcos fiscais para o lugar do teto de gastos e assumindo compromisso com a autonomia do Banco Central.
Lula também retomou agendas e conversas com setores organizados do empresariado em busca de um pacto para a governabilidade. A tendência é de que as próximas semanas sejam marcadas por arranjos políticos crescentes para aprovação de medidas econômicas de emergência e uma pegada mais ideológica na campanha de Bolsonaro, explorando temas como aborto e crime organizado na tentativa de mudar a pauta da campanha. Do outro lado, Lula vai insistir na crítica à política econômica, com foco no preço dos alimentos e dos combustíveis.