Kalleo Coura

O executivo Ricardo Saud, responsável por operacionalizar os pagamentos de propina do grupo J&amp;F, afirmou em sua delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) que tratou com “mais de 100 escritórios de advocacia” nas eleições de 2014 para repassar propinas mediante "notas falsas".
Um dos escritórios citados é o Advocacia Rubens Ferreira e Vladmir O. Silveira, que recebeu R$ 4 milhões da JBS. Na fatura de prestação de serviços consta que o valor quitaria a remuneração dos honorários por “compra e venda de precatórios (alimentares e não alimentares, consultoria, estratégia, para garantir segurança nas operações e planejamento tributário com os ativos supra mencionados”.
Na verdade, segundo Saud, o dinheiro se destinava ao ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo, que em 2014 foi candidato a governador da Paraíba pelo PMDB, obtendo apenas 5,22% dos votos. Além dos recibos dos pagamentos, o delator entregou o contrato abaixo à PGR.
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Esta não é a primeira vez que Vladmir Oliveira da Silveira é acusado de receber por serviços não prestados. O advogado, que é professor da PUC-SP no departamento de Direito tributário, comercial, econômico e internacional, é réu por corrupção ativa e lavagem de dinheiro no mesmo processo em que o promotor de Justiça Roberto Senise Lisboa também é réu acusado de corrupção passiva.
+JOTA: <a style="color: #ff0000;" href="https://jota.info/justica/delator-da-jbs-cita-propina-para-mais-de-100-escritorios-22052017">Delator da JBS cita propina para mais de 100 escritórios</a> 
<a href="/wp-content/uploads/2017/05/Denuncia-Senise.pdf">Segundo a denúncia assinada pelo então procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo Márcio Elias Rosa</a>, “Alexandre Machado Guarita, que à época ocupava o cargo de diretor jurídica da Nova Casa Bahia S.A., lançou mão dos serviços ilícitos (remunerados) de seu orientador de mestrado na PUC-SP, Vladmir Oliveira da Silveira, amigo em comum seu e do Promotor de Justiça Roberto Senise”.
Segundo o Ministério Público, o promotor aceitou receber R$ 428 mil para atuar em favor das Casas Bahia em investigações relacionadas a possíveis crimes contra o consumidor. Narra a denúncia que os “R$ 428 mil foram pagos ao Promotor de Justiça pela Nova Casa Bahia S.A., por providência e autorização do diretor jurídico Alexandre Machado Guarita. Para ocultar o pagamento de propina, Vladmir Oliveira da Silveira emprestou a conta de sua empresa advocatícia para recepção dos valores provenientes da  Nova Casa Bahia S.A.”. Para completar, Silveira “reteve para si parte do dinheiro e se incumbiu, diretamente, de sacar o restante, em espécie, e de repassá-lo ao destinatário final, Roberto Senise Lisboa”.
+JOTA: <a style="color: #ff0000;" href="https://jota.info/advocacia/a-inviolabilidade-do-advogado-a-servico-dos-corruptos-23052017" target="_blank" rel="noopener noreferrer">A inviolabilidade do advogado a serviço dos corruptos</a>
Para dissimular ainda mais a propina, segundo o Ministério Público, os acusados movimentaram valores simulando “uma prestação lícita de serviços advocatícios por parte da Advocacia Rubens Ferreira e Vladmir Oliveira da Silveira em prol da empresa Nova Casa Bahia”. Os serviços advocatícios, para o procurador-geral de Justiça, foram fictícios “porque os trabalhos foram circunscritos à corrupção”.
O advogado, afirma o procurador, para impedir a identificação dos valores movimentados “para os citados fins ilícitos, não deixou de recolher (e de declarar ao fisco), pela pessoa jurídica cuja conta bancária utilizou, os tributos pertinentes aos valores recepcionados”.
Outro lado 
Procurado por meio de seu escritório, o advogado Vladmir Oliveira da Silveira não retornou os telefonemas da reportagem.
Já o ministro do TCU Vital do Rêgo afirmou que: “em 2014, quando disputou o governo da Paraíba, Vital do Rêgo recebeu doações legais do Grupo JBS. Elas estão na prestação de contas já analisada e aprovada pela Justiça. O ministro Vital desconhece os fatos narrados pelo delator e está à disposição das autoridades para os esclarecimentos necessários”.

vladmirosilveira

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JOTA

Vladmir Oliveira da Silveira, professor da PUC-SP, é acusado de corromper promotor Roberto Senise

Sócio de escritório citado em delação é réu por corrupção

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