Daniel Marcelino

Fernando Mello

Presidentes que estão no cargo fornecem ao eleitor a chance de um voto retrospectivo. Se o eleitor sente que o mandatário faz um bom trabalho, o mantém no poder. Mas se, por outro lado, a maior parte da população reprova o trabalho, a eleição é, por definição, o arranjo institucional para "mandar os pilantras passearem" (em inglês, "throw the rascals out"). Esta lógica se aplica a uma eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022. 
Décadas de pesquisas de avaliação de governo agrupadas no <a href="https://data.jota.info/aprovacao/">Agregador de Popularidade do JOTA</a> permitem criar “zonas de aprovação” relacionadas às chances de reeleição de um candidato. 
<blockquote class="jota-article__eye">Os dados mostram que candidatos com aprovação acima de 43% têm chances muito altas de reeleição, enquanto aqueles com reprovação acima de 43% têm baixas chances.</blockquote>
<img class="aligncenter wp-image-288074 size-full" src="https://www.jota.info/wp-content/uploads/2020/12/whatsapp-image-2020-12-16-at-11-47-15.jpeg" alt="" width="1280" height="853" />
Hoje, a fatia da população que classifica o trabalho do governo Bolsonaro como positivo, ou seja, ótimo ou bom é de 37%, contra 34% registrados em janeiro. Já a parcela que considera o governo ruim ou péssimo (negativo) passou de 34% em janeiro para 36% em dezembro, um aumento de 2 pontos no índice.
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O cenário que os dados apontam hoje é que Bolsonaro está ligeiramente mais próximo da zona de maior chance de reeleição, do que da zona de uma derrota eleitoral em 2022. 
Mesmo assim, <a href="https://www.jota.info/dados/aprovacao-dos-presidentes/bolsonaro-tem-o-pior-primeiro-ano-04102019">apenas nos três primeiros meses do seu mandato ele entrou na zona azul</a>, e desde então não voltou mais a ela. Por outro lado, no agregador, Bolsonaro passou também cerca de três meses (entre maio e julho) na área vermelha, de baixas chances de reeleição. O que isso quer dizer?
A maior parte do tempo, o presidente está em uma zona intermediária, fora tanto da banda azul quanto da vermelha na figura acima. Ao iniciar a segunda parte do seu mandato, Bolsonaro está a cerca de oito pontos tanto para entrar na zona de maior conforto eleitoral, como para entrar na zona de maior desconforto.
O poder da caneta e da cadeira sempre dão ao presidente a vantagem de tentar controlar o timing do aumento de popularidade - mesmo que momentânea -, promovendo medidas mais próximas da eleição, por meio de gastos e de programas sociais. Por outro lado, muitas vezes a população pune o incumbente mesmo por coisas não diretamente relacionadas a ele, como um choque na economia.
Uma aposta para os próximos dois anos? O desempenho da economia e a quantidade de renda disponível para o brasileiro fará a diferença para aproximar mais Bolsonaro da zona azul ou da zona vermelha. Com um presidente concorrendo à reeleição, a posição vertical do mandatário nas zonas de conforto ou desconforto popular podem dizer muito daqui em diante.
A comparação pode ser limitada por causa das diferenças entre os sistemas eleitorais brasileiro e americano, mas o presidente americano Donald Trump foi um dos primeiros presidentes que, durante seu mandato, nunca teve aprovação acima dos 50%, enquanto sua desaprovação ficou constantemente acima dos 50%, tornando a eleição numa espécie de referendo sobre Trump. 
Considerando a sua desaprovação constantemente na zona vermelha, a incomum derrota do presidente na cadeira não foi surpresa.

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JOTA

Candidatos com aprovação acima de 43% têm chances muito altas de reeleição

Reeleição de Bolsonaro: o que as &#8216;zonas de aprovação&#8217; dizem para 2022

Reeleição de Bolsonaro: o que as 'zonas de aprovação' dizem para 2022

Candidatos com aprovação acima de 43% têm chances muito altas de reeleição. Chances de reeleição de Bolsonaro crescem se atingir esse patamar