
A parcela da população que atribui nota negativa (ruim/péssimo) ao presidente Jair Bolsonaro passou de 36,2% para 39,3% neste início de ano. É o que mostra a mais recente atualização do agregador de pesquisas de popularidade do JOTA sobre a avaliação negativa de Bolsonaro.
Os números apontam também que a quantidade de brasileiros que avaliam o governo como ótimo ou bom praticamente não se alterou desde a segunda quinzena de dezembro: passou de 36,7% para 36,6% no período. (veja aqui mais resultados do Agregador do JOTA).
Por outro lado, a fatia da população que atribui nota regular ao governo ficou mais estreita, passando de 24,3% para 21,4% da população.
Desaprovação em alta: por que isso importa?
Nas próximas semanas a popularidade do presidente poderá ser abalada. O auxílio emergencial e outras medidas de incentivos fiscais para estimular a preservação do emprego e da renda, criadas para combater a crise de 2020, acabaram oficialmente com o fim do estado de calamidade, em 31 de dezembro. Mas, infelizmente, a pandemia não acabou.
A questão é que o fim do auxílio emergencial não será o único problema que o governo precisará enfrentar neste início de ano. Uma amostra do que vem por aí é o aumento do desemprego. Do ponto de vista da ocupação, os mais afetados pela pandemia e pela inércia da economia foram os trabalhadores informais (empregados sem carteira) e autônomos (conta própria). Um contingente de mais de 22 milhões de brasileiros.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) a taxa de desocupação da população economicamente ativa em maio era de 10,7% — correspondendo a 10,1 milhões de desempregados. Em outubro, o número de desempregados havia saltado para 13,8 milhões — correspondendo a uma taxa de 14,1% da PEA. Com o fim do Bem – (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda), que possibilitou a suspensão temporária de contratos e a redução da jornada de trabalho, essa taxa continuará aumentando antes de começar a cair.
Com menos empregos e dinheiro circulando na economia, estados e municípios também arrecadam menos, perdendo a capacidade fiscal de fazer frente a crises como a atual.
A atitude de Bolsonaro diante das alegações de fraude nas eleições americanas e depois sobre a invasão da sede do Congresso o deixou ainda mais fragilizado, aumentando as barreiras de relacionamento pessoal com o próximo presidente, Joe Biden.
Internamente as reações de Bolsonaro também serviram para reabrir antigas feridas no Congresso e no Judiciário. As declarações foram imediatamente associadas a um eventual comportamento futuro não-institucional de Bolsonaro caso venha a ser derrotado em 2022.
No Congresso, as declarações de Bolsonaro sobre a sua capacidade de buscar soluções para os desafios fiscais e econômicos que o país enfrenta acendeu a luz amarela no comando da campanha de Arthur Lira (PP-AL) pela presidência da Câmara dos Deputados. De modo que agora o maior desafio de Lira é tentar minimizar o apoio de Bolsonaro a sua candidatura e torcer para que ele fique calado até o fim da disputa.
Além disso, entre os partidos de oposição a ideia de já levantar a bandeira de um pedido de impeachment passou a ser defendida com mais entusiasmo neste início de ano.