Aprovação presidencial

Agregador: Bolsonaro tem 46,4% de avaliação negativa e 27,9% de avaliação positiva

Dados fazem parte da mais atualizada versão do agregador de avaliação da popularidade presidencial do JOTA Labs

Foto: Marcos Corrêa/PR

A uma semana do fim do segundo trimestre de 2020, 46,4% da população adulta atribui uma avaliação negativa (ruim e péssimo) para o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Já a parcela da população que atribui notas positivas (ótimo e bom) é estimada em 27,9%. Na última semana de março, ele tinha 36,7% de avaliação negativa e 31,4% de positiva.

Os dados fazem parte da mais atualizada versão do agregador de popularidade do JOTA Labs, atualizado com as pesquisas divulgadas nos últimos dias. A avaliação regular que era 30,1% hoje está em 22,3%.

Os valores apresentados acima representam a mediana dos valores estimados pelo modelo de agregação de pesquisas adotado e que leva em consideração o tamanho da amostra, a idade da pesquisa, o modo de coleta das respostas e uma nota baseada no grau de acerto do instituto.

Considerando os intervalos de credibilidade calculados, a avaliação negativa do governo para os próximos 10 dias deve permanecer entre 42,3% e 51,1%. Já a avaliação positiva pode variar entre 23,2% e 32,2% e a avaliação neutra entre 18,5% e 26%.

A evolução observada nas pesquisas publicadas pelos diferentes institutos monitorados pelo JOTA Labs revela que a incerteza permanece sobre o humor da opinião pública em relação aos esforços do governo federal em mitigar as perdas com a pandemia e o ritmo de recuperação da economia. 

Até o final de março deste ano e considerando a sobreposição dos intervalos de credibilidade das estimativas, em alguns momentos era difícil identificar se mais pessoas atribuíam notas negativas ao trabalho do presidente ou o contrário. Contudo, essa situação mudou dramaticamente ao longo do último trimestre.

Já na primeira semana de maio, o agregador passou a apontar que a avaliação positiva já estava abaixo de 30%, contrariando o argumento defendido por alguns analistas de que Bolsonaro teria musculatura para manter uma base de apoio popular próxima a um terço do eleitorado.

Se fôssemos avaliar o governo igual avaliamos uma partida de futebol, onde o que importa é o saldo de gols, ou seja, a diferença entre a aprovação e desaprovação do governo, teríamos neste momento um déficit ou saldo negativo de 18,5% de apoio popular.

O peso das anedotas

Segundo os dados divulgados pelo governo nesta terça-feira (23/06), o Brasil é o segundo país do mundo com mais casos detectados de Covid-19 (1.1456.906) e número de mortes provocadas pela doença (52.645), só ficando atrás dos Estados Unidos: 2.338.275 (casos) e 121.119 (mortes). Em números absolutos, juntos, Estados Unidos e Brasil representam mais de 37,5% de todos os casos de infecção detectados e cerca de 36,3% de todas as mortes provocadas pela Covid-19 no mundo.

Trata-se de uma posição na lista de países que torna impossível para qualquer cidadão não encontrar associação entre esses números e as declarações e atitudes equivocadas do presidente Bolsonaro para conter a disseminação do coronavírus no país, protegendo o bem-estar de seus cidadãos.

Os constantes vaivéns e desencontros no Ministério da Saúde envolvendo procedimentos básicos somados à escassez de testes para detectar o espalhamento do vírus pelo país reforçam a suspeita de que o número real de vítimas seja consideravelmente maior do que os números oficiais mostram. Tal fato eleva o nível de preocupação, desconfiança e medo entre os brasileiros em relação ao governo.

O cenário já seria suficiente para impor dificuldades ao presidente Jair Bolsonaro, mas ainda há espaço para uma evolução desse quadro. Os últimos acontecimentos envolvendo o Planalto, como a forma que se deu a saída do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e as ligações pretéritas do clã Bolsonaro, ainda não produziram tanto dano à imagem do presidente ao ponto de provocar alguma correção nos indicadores de popularidade do governo. Portanto, as próximas pesquisas serão importantes para testar as resistências nas séries históricas.

O agregador JOTA é uma ferramenta exclusiva que leva em consideração mais de 500 pesquisas de opinião conduzidas no país nos últimos 32 anos, comparando 11 governos e 8 presidentes. São 129 pesquisas nacionais coletadas apenas durante o governo de Jair Bolsonaro. Em outubro, o agregador já havia mostrado que Bolsonaro tem a pior avaliação entre os presidentes em primeiro mandato. A ferramenta interativa está disponível aqui: https://data.jota.info/aprovacao/