Luiz Orlando Carneiro

Quando do lançamento do CD Masters in Bordeaux (Sunnyside), gravação de 2016 de um concerto do duo formado pelo pianista Martial Solal e o saxofonista Dave Liebman, escrevi nesta coluna (1-6-2018) que qualquer registro fonográfico do prodigioso mestre do teclado “é um acontecimento de repercussão geral reconhecida naquela parte do planeta jazz onde há vida inteligente e sensibilidade artística refinada”. E não seria exagero estender tal reconhecimento de “repercussão geral” ao também magistral saxofonista, hoje com 73 anos, quase 20 anos mais “moço” do que Solal.
Assim é que não se pode deixar de apreciar o álbum Masters in Paris, também da Sunnyside, já acessível nas plataformas virtuais, com a mesma dupla de ases tocando também ao vivo, naquele mesmo ano, mas na capital francesa. Mais precisamente para uma plateia de mais de 500 pessoas no afamado Studio 104 da Radio France.
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No concerto de Paris, Solal e Liebman dialogam e solam a partir de nove temas, dos quais seis são standards ou jazz originals muito conhecidos: A night in Tunisia (8m20), um dos hinos do bebop, de Dizzy Gillespie; Satin doll (7m20), da dupla Duke Ellington-Billy Strayhorn, safra 1953; Summertime (5m20), da ópera Porgy and Bess, de George Gershwin; What is this thing called love (5m15) e Night and day (11m40), de Cole Porter; Stella by starlight (9m55), de Victor Young, década de 1940.
O reverenciado Martial Solal, então quase nonagenário, estava em plena forma como se pode apreciar logo na primeira faixa, Night in Tunisia, que o pianista reinventa num encantado caleidoscópio melódico-harmônico. No sax tenor, o jazz master Liebman aceita o desafio depois de um solo de 1m35 do pianista, num clima bem free..O saxofonista prefere o sax soprano nas demais peças, com exceção da balada In and out (7m30), da pena de Solal.
Dan Bilawski destacou muito bem na review de Masters in Paris para a revista JazzTimes:
“Esses dois músicos conseguem trazer coerência ao casamento incomum de pensamento lógico e digressão. Às vezes eles estão completamente de acordo, às vezes em belicosa brincadeira. Mas sempre com vitalidade e criatividade”.
(Faixas deste álbum em: <a href="https://music.youtube.com/watch?v=SXdjGHNk8lc&amp;list=OLAK5uy_kCVqODjOcOe2qNhk1gU-qLsbOL7YeGxw4" target="_blank" rel="noopener noreferrer" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://music.youtube.com/watch?v%3DSXdjGHNk8lc%26list%3DOLAK5uy_kCVqODjOcOe2qNhk1gU-qLsbOL7YeGxw4&amp;source=gmail&amp;ust=1589026440903000&amp;usg=AFQjCNEDmnN3iWAxSIMAZft0KJOo4ip5rQ">https://music.youtube.com/watch?v=SXdjGHNk8lc&amp;list=OLAK5uy_kCVqODjOcOe2qNhk1gU-qLsbOL7YeGxw4</a> )
<h3>Richie Cole (1948-2020)</h3>
O renomado e exuberante saxofonista alto Richie Cole morreu no primeiro dia deste mês, em casa, de “causas naturais”. Ele ganhou fama a partir do fim da década de 1970, ao popularizar o bebop como líder do conjunto que batizou de Alto Madness. O seu primeiro LP para o selo Muse com esse chamariz no título foi gravado 1978, logo seguido por Hollywood Madness e Tokyo Madness. Ele foi aluno do grande Phil Woods (1931-2015).
O saxofonista deixa um acervo de mais de 40 álbuns como líder. O seu último registro de sucesso foi o álbum Latin Lover, lançado em 2017 pelo seu próprio selo (Richie Cole Presents). À frente de um quinteto, Cole selecionou 12 temas do cancioneiro “latino”, seja das Américas ou da Espanha.

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JOTA

Pianista e saxofonista juntos de novo, ao vivo, em Masters in Paris

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