Luiz Orlando Carneiro

Na década de 1930, Lionel Hampton (1908-2002) introduziu o vibrafone no jazz como instrumento solista, e ficou famoso por suas atuações e gravações a bordo da big band e do quarteto do clarinetista Benny Goodman (1909-1986), o “Rei do Swing”. A partir de então, o vibes deixou de ser, apenas, parte da seção rítmica, tornando-se o meio de expressão de músicos criativos e renomados como Red Norvo, Milt Jackson (parceiro de John Lewis no Modern Jazz Quartet), Terry Gibbs e Gary Burton.
Este último aposentou-se em 2017, aos 74 anos, pouco depois de ser sagrado “Jazz Master” pela National Endowment for the Arts (NEA). Foi Burton quem introduziu a técnica de tocar o instrumento elétrico de teclas de metal usando quatro marteletes (mallets) ao mesmo tempo, e não apenas dois. Foi um dos ases da jazz fusion lá no fim dos anos 60, além de professor do Berklee College of Music de Boston.
O vibrafonista de maior prestígio das gerações mais novas era o quarentão Stefon Harris, que gravou para a Blue Note uma série de sete discos entre 1998 e 2009. Pois foi ele quem descobriu e orientou Joel Ross, nascido em Chicago há 25 anos, mas radicado em Nova York. E que acaba de ser reeleito o melhor na sua especialidade no pool anual dos críticos de jazz da revista Downbeat (edição de agosto), à frente de Warren Wolf e do seu próprio patrono. 

Assim é que merece indicação especial (ainda que com certo atraso) o terceiro álbum de Joel Ross, também pelo mesmo selo Blue Note: The Parable of the Poet. Lançado em abril último, trata-se de uma suíte com sete temas do guitarrista-compositor-arranjador interpretados por um oiteto que inclui os seguintes músicos: Marquis Hill (trompete), Immanuel Wilkins (sax alto), Maria Grand (sax tenor), Kalia Vandever (trombone), Sean Mason (piano), Rick Rosato (baixo) e Craig Weinrib (bateria).
Apesar de o conjunto liderado pelo guitarrista-compositor incluir “metais” geralmente extrovertidos, a atmosfera prevalente em The Parable of the Poet é contemplativa. Como observou o crítico Michael Toland, as peças do álbum de 50 minutos não seguem a “tradição comum do tema-solo-solo-solo-tema”. Pelo contrário, “cada um dos músicos partilha o holofote”, atuando como “um pincel completando a tela que Ross lhes apresentou, mas escolhendo as suas próprias cores”. Doxology (4m) é o momento talvez mais animado do disco, com realce para o solo “coltraneano” de Maria Grand no sax tenor.
Ouça a faixa inicial, Prayer: 
https://www.youtube.com/watch?v=Oy8Z53zPJPQ
Ouça Doxology: 
https://www.youtube.com/watch?v=22-bADhg568
Samples das sete faixas em: <a href="https://music.apple.com/us/album/the-parable-of-the-poet/1607017410" target="_blank" rel="noopener" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://music.apple.com/us/album/the-parable-of-the-poet/1607017410&amp;source=gmail&amp;ust=1659790566881000&amp;usg=AOvVaw1wRshH5rHPytzUMZBnd9u8">https://music.apple.com/us/album/the-parable-of-the-poet/1607017410</a>

joel ross

https://images.jota.info/wp-content/uploads/2021/09/copy-of-jota-logo-high-cmyk.jpeg

JOTA

Vibrafonista foi reeleito o melhor do ano na eleição anual da Downbeat

The Parable of the Poet, o novo sucesso de Joel Ross

Vibrafonista foi reeleito o melhor do ano na eleição anual da Downbeat