Luiz Orlando Carneiro

Filho do também saxofonista tenor Dewey Redman (1931-2006) - que se ligou ao free jazz de Ornette Coleman no período 1967-74 - Joshua Redman começou a ganhar renome em 1991 quando, aos 22 anos, venceu a Thelonious Monk International Jazz Saxophone Competition, à frente dos hoje também ilustres Eric Alexander e Chris Potter. Na década passada, consagrou-se definitivamente em três CDs da etiqueta Nonesuch: Back East, no comando de trios sem piano; Compass, em trios e double trios; James Farm, um quarteto cooperativo com Aaron Parks (piano), Matt Penman (baixo) e Eric Harland (bateria). 

Joshua chegou a graduar-se também em estudos sociais pela Universidade de Harvard, mas acabou por dedicar-se exclusivamente à música. E sempre cultuou os discos em que o pai atuou como sideman de Ornette Coleman (New York Is Now, Blue Note; Ornette at 12, Impulse). E mais ainda os registros do quarteto Old and New Dreams (1978-80) que Dewey liderou, integrado pelos três cúmplices preferidos de Ornette Coleman: Don Cherry (pocket trumpet), Charlie Haden (baixo) e Ed Blackwell (bateria). 

Pois o mais novo álbum de Joshua Redman (sempre na Nonesuch) é uma espécie de revival do antológico combo Old and New Dreams, o que está explícito no próprio título do programa de oito peças num total de 40 minutos: Still Dreaming. 

Mas que fique logo claro que não se trata de uma “atualização” à la lettre de material do O&amp;ND. O saxofonista tenor-líder assina quatro faixas: Unanimity (5m10),It's not the same (2m45), Blues for Charlie (6m50) e The rest (5m55). Dos outros membros do excepcional quarteto de Joshua, apenas o baixista Scott Colley contribui com originais: New year (6m35) e Haze and aspiration (6m). O que não significa que Ron Miles (corneta) e Brian Blade (bateria) não participem ativamente da action playing. As reverências ao free jazz dos anos 60/70 estão claras também na escolha dos dois temas restantes, Playing (3m15) e Comme il fault (3m25), de autoria dos canonizados Charlie Haden e Ornette Coleman, respectivamente. 

Em entrevista à National Public Radio (NPR), Joshua Redman assim explicou a concepção de Still Dreaming (ou seja, “ainda sonhando”): “Eu imaginei formar esta quarteto com Ron Miles, Scott Colley e Brian Blade (…) Cada um de nós tem uma relação especial com o instrumentista correspondente do Old and New Dreams”. E especificou: “Blade, como Blackwell, nasceu na Lousiana; Colley foi aluno de Haden; e Ron Miles foi sempre influenciado por Don Cherry”. 

Ainda conforme o filho de Dewey Redman, o referencial quarteto do seu pai “era capaz de tocar bem free e, às vezes, música abstrata, complexa”. Mas, “ao mesmo tempo, havia uma qualidade folclórica – ou seja, uma conexão com o blues, com a música africana ou com melodias simples mas muito fortes”. Joshua, porém, acentua: “Não é nossa missão voltar no tempo e redescobrir alguma Golden Age. O que espero é que esta banda tenha muito futuro pela frente”. 

O quarteto Still Dreaming já tem agendados, neste e nos dois próximos meses, concertos nos Estados Unidos e em festivais europeus. E Joshua Redman, o incrível cornetista (com ou sem surdina) Ron Miles, e o notável tandem Scott Colley-Brian Blade já podem ser apontados como responsáveis por um dos melhores álbuns de jazz deste ano. 

(Samples de Still Dreaming podem ser ouvidos em: 

<a href="http://itunes.apple.com/us/album/still-dreaming-feat-ron-miles-scott-colley-brian-blade/1353042130" target="_blank" rel="noopener">itunes.apple.com/us/album/still-dreaming-feat-ron-miles-scott-colley-brian-blade/1353042130</a>)

dream

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JOTA

Novo álbum de Joshua Redman é uma espécie de revival do antológico combo Old and New Dreams

Still Dreaming: O novo quarteto de Joshua Redman

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