Luiz Orlando Carneiro

Ode To O (TUM Records) é o segundo álbum do quarteto OGJB, assim batizado com a junção das letras maiúsculas dos primeiros nomes de seus integrantes, todos eles músicos notáveis do ainda chamado “jazz de vanguarda”: Oliver Lake (sax alto), 79 anos; Graham Haynes (corneta), 61; Joe Fonda (baixo), 67; e Barry Altschul (bateria, percussão), 79.
O mais idoso e proeminente dos quatro é Oliver Lake, que foi sócio-fundador, na década de 1970, do inesquecível World Saxophone Quartet, ao lado de David Murray, Julius Hemphill e Hamiet Bluiett. Com a formação original – sempre sem qualquer apoio de seção rítmica - o WSQ gravou uma dezena de discos, a partir de Point of no Return (Moers Music, 1977).
A letra O a que se refere o novo registro do selo finlandês TUM é a primeira inicial do nome do sempre lembrado, reouvido e homenageado saxofonista Ornette Coleman (1930-2015), que detonou o free jazz da década de 1960 à frente de um quarteto com o cornetista Don Cherry, em dois LPs da Atlantic cujos títulos já anunciavam as suas intenções: The Shape of Jazz to Come e Change of the Century.
A Ode to O do OGJB Quartet é uma seleção de 10 peças, totalizando pouco mais de uma hora de música, a partir da faixa-título (6m50), de autoria do percussionista Barry Altschul, que foi sideman dos canonizados pianistas Paul Bley (1932-2016) e Chick Corea (1941-2021). O baterista assina ainda: Da Bang (9m05), dedicada ao violinista Billy Bang (1947-2011) e Caring (4m55).
O saxofonista alto Oliver Lake escreveu Justice (5m20) – nada a ver com a composição homônima de Thelonious Monk - e Bass botton (2m35) – que ele explica ter como meta “explorar o uso de cor, textura e som”, com pontuação especial para o baixo de Joe Fonda como indica o título.
The other side (6:55) e Apaixonado (5:10) são da pena do cornetista Graham Haynes, filho do nonagenário Roy Haynes, que foi um dos maiores e mais influentes bateristas de jazz de todos os tempos. Graham não esconde sua filiação ao free jazz da dupla Ornette-Don Cherry, mas faz uso de efeitos eletrônicos em The other side.
A peça mais longa e mais “escrita” do novo CD do quarteto OGJB é Me without Bela (12m25), de Joe Fonda, inspirada – conforme o autor – nos quartetos do compositor Bela Bartok (1881-1945). E é mesmo a peça mais “erudita” da setlist.
Há ainda duas faixas de improvisação coletiva, totalmente livres, intituladas OGJB (3m50) e OGJB # 4 (5m).
Ouça a faixa-título: 
https://soundcloud.com/bk-music-pr/ode-to-o-ogjb-quartet

Oliver_Lake

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JOTA

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