Luiz Orlando Carneiro

Nascido e criado em Nova Orleans, o baterista Herlin Riley, 62 anos, começou a ganhar fama na década de 1980 como integrante do quarteto do grande pianista Ahmad Jamal. Consolidou o seu prestígio como parceiro preferencial de Wynton Marsalis, desde os tempos do antológico álbum The Majesty fo the Blues (RCA, 1989), e também como membro da Jazz at Lincoln Center Orchestra. Ele ajudou Marsalis a escrever as partes de percussão do oratório Blood on the Fields(Columbia, 1997), que rendeu ao trompetista-compositor o Prêmio Pulitzer de música – o primeiro a ser concedido a um jazzman.
Na condição de líder, Riley está lançando seu segundo álbum pelo selo Mack Avenue: Perpetual Optimism, em quinteto com os new stars Bruce Harris (trompete), Godwin Louis (sax alto), Emmet Cohen (piano) e Russell Hall (baixo). O título da seleção de 10 faixas, a maioria também da lavra do baterista-compositor, é segundo ele um “credo”. Homem de fé, perdeu nos dois últimos anos os seus pais, mas continua muito feliz com a sua mulher de quatro décadas, seus cinco filhos e 10 netos.
Assim é que Perpetual Optimism é sobretudo uma celebração jazzística contemporânea da vida. E daquele som e daquele espírito típicos da música envolvente que, até hoje, está no ar, nas ruas e até no cemitério de Nova Orleans.
No texto de apresentação do álbum lê-se que se trata de “uma coleção de tocantes melodias gospel, marcantes hard-bop grooves e temas do Great American Songbook”. Duas faixas homenageiam ícones do jazz da “Crescent City”: Twelve's it (4m40), composição do patriarca Ellis Marsalis (pai de Wynton, Branford, Jason e Delfeayo), que foi também professor e mentor de Herlin Riley; Wang dang doodle (6m35), um blues de Willie Dixon, num arranjo em 5/4 do qual o pianista Allen Toussaint (1938-2015) gostava muito. Nestas faixas o baterista-líder usa também a sua voz.
Das peças assinadas por Riley destacam-se: a festiva faixa-título (7m05); as também vibrantes Borders without lines (4m50) e Rush hour (6m55), esta com palmas e tudo; Be there when I get there (5m50), movimentada colagem sonora; Touched (7m20), em tempo mais lento, com ostinato inicial dos sopros, e realce para solos do saxofonista Louis e de Bruce Harris (nesta faixa com surdina no trompete).
Os dois standards da setlist são Stella by starlight (4m05) e You don't know what love is (5m40). Stella é a única faixa do álbum tocada em trio, com realce maior, portanto, para o excelente pianista Emmet Cohen que, aos 21 anos, foi um dos três finalistas da Thelonious Monk International Piano Competition de 2011, vencida por Kris Bowers.
(A propósito, o pianista Kris Bowers é um dos três pianistas que tornaram possível a realização do filme Green Book, o grande vencedor do Oscar 2018/2019. O primeiro foi o pianista Don Shirley (1927-2013), a principal figura da história. O segundo, o ator Mahershala Ali, que fez o papel de Shirley no filme, mas que não sabe tocar piano. E o terceiro foi Kris Bowers, contratado para tocar escondido o piano que Ali apenas dedilhava).
Mas voltando ao CD Perpetual Optimism, trata-se de um show de expertise e intensidade oferecido pelo baterista, compositor e líder Herlin Riley que, ao deixar a Jazz at Lincoln Center Orchestra, em 2005, ouviu de Wynton Marsalis a seguinte apreciação: “Cara, sua luz é brilhante demais para ficar escondida no fundo de uma big band. Você tem de sair, e fazer a sua própria coisa”.
(Samples de Perpetual Optimism em: <a href="http://www.mackavenue.com/store/mac1136" target="_blank" rel="noopener" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=http://www.mackavenue.com/store/mac1136&amp;source=gmail&amp;ust=1553953429435000&amp;usg=AFQjCNGv2VDfl4p9sRaJpS5cTacSE-1mAg">www.mackavenue.com/store/mac1136</a>)

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JOTA

Baterista-compositor nascido em Nova Orleans lidera quinteto com new stars

O Perpetual Optimism de Herlin Riley

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