Luiz Orlando Carneiro

Cyrus Chestnut, 59 anos, é um dos expoentes daquela geração de young lions da década de 1980 que reinterpretou a mainstream do jazz sob a liderança intelectual de Wynton Marsalis, o comandante da Jazz at Lincoln Center Orchestra. Ou seja, é da mesma fornada dos também brilhantes pianistas Marcus Roberts, Benny Green, Gonzalo Rubalcaba e Danilo Perez. Além disso, diplomou-se como compositor e arranjador pelo venerado Berklee College of Music de Boston.
Dono de uma discografia como líder de duas dezenas de álbuns desde 1992, a maioria em trio, Chestnut comemora este mês o lançamento do quinto CD seguido pelo selo HighNote. My Father Hands é uma seleção de 10 temas, dos quais cinco originais, em trio com suas excelências Peter Washington (baixo) e Lewis Nash (bateria). Gravação em estúdio de dezembro do ano passado.
O título é uma homenagem explícita de Cyrus às mãos do pai McDonald Chestnut, seu primeiro “professor” e incentivador, falecido em maio do ano passado aos 85 anos. Ele foi funcionário dos Correios, era muito religioso, e tocava de ouvido piano ou órgão em igrejas batistas de Baltimore.
Assim é que aquelas mãos paternas devem ter dedilhado, para o filho atento e inebriado, standards marcantes que são recriados na setlist, tais como: There will never be another you (4m20), dos repertórios de Frank Sinatra e do pistonista Chet Baker (1929-1988); But beautiful (2m55), balada de Jimmy Van Heusen de especial agrado do pianista Bill Evans (1929-1980); Yesterday (4m20), de Lennon &amp; McCartney. E mais ainda: Cubano chant (4m05), do pianista bop Ray Bryant (1931-2011); I must tell Jesus (3m25), hino do patrimônio gospel, interpretado solo, sem o apoio da seção rítmica.
As faixas mais longas de My Father’s Hands são composições do pianista-líder: Nippon soul connection (7m25) e Working out just fine (6m35), ambas harmonicamente bluesy, mas devidamente apimentadas pela notável seção rítmica.
Ouça Nippon soul connection: 
https://www.youtube.com/watch?v=K8GoMFniH6I
Ouça But beautiful: <a href="https://music.youtube.com/watch?v=YIZNjeYpV6k&amp;list=OLAK5uy_lSozjDCyk5CN2FJRCz7H5DOjGFcBRhB0Y" target="_blank" rel="noopener" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://music.youtube.com/watch?v%3DYIZNjeYpV6k%26list%3DOLAK5uy_lSozjDCyk5CN2FJRCz7H5DOjGFcBRhB0Y&amp;source=gmail&amp;ust=1657981359970000&amp;usg=AOvVaw1ldpiYx8RCgUt6I90Oq8TM">https://music.youtube.com/watch?v=YIZNjeYpV6k&amp;list=OLAK5uy_lSozjDCyk5CN2FJRCz7H5DOjGFcBRhB0Y</a>
Ouça Working out just fine: 
https://soundcloud.com/highnote-savant-records/working-out-just-fine-from-cyrus-chestnuts-my-fathers-hands
Samples deste CD: <a href="https://music.apple.com/br/album/my-fathers-hands/1626147227?l=en">https://music.apple.com/br/album/my-fathers-hands/1626147227?l=en</a>
<h3>Os novos jazz masters</h3>
Anualmente, desde 1982, a National Endowment for the Arts confere o título de jazz masters a “lendas vivas” do jazz, em reconhecimento a suas “contribuições excepcionais” para o desenvolvimento desse modo de expressão musical. A NEA é uma agência independente do governo norte-americano, sediada em Washington, que apoia e financia projetos de arte “de particular excelência”. 
Nesta semana, foram anunciados os músicos que vão receber a cobiçada distinção referente ao período 2022-2023, mais um prêmio individual de US$ 25 mil: a violinista Regina Carter, 53 anos; o saxofonista Kenny Garrett, 61; o baterista Louis Hayes, 85. Por coincidência, os três foram criados em Detroit, uma das cidades mais “jazzísticas” dos Estados Unidos. A cerimônia de premiação está marcada para 1º de abril do ano que vem, no John F. Kennedy Center for the Performing Arts, em Washington.

Pianist_Cyrus_Chestnut_on_VOA

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JOTA

Pianista recria temas que ouvia o pai tocar quando garoto

My Father Hands é o novo álbum de Cyrus Chestnut

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