Luiz Orlando Carneiro

Às vésperas de celebrar o seu 29º aniversário, a saxofonista-flautista Alexa Tarantino já pode também comemorar a acolhida calorosa, por parte da crítica especializada, do terceiro registro por ela gravado como líder, nestes três últimos anos, para o selo Posi-Tone. Depois de Wind of Changes (2019) e Clarity (2020), à frente de um quinteto e de um quarteto, respectivamente, ela reaparece no comando de um novo quinteto, no qual os únicos instrumentos de sopro (saxofone, flauta e clarinete) são os seus.
Agora, no álbum intitulado Firefly, estão em torno dela: o cada vez mais apreciado vibrafonista Behn Gillece, 39 anos; o emergente pianista Art Hirahaa; o baixista Boris Kozlov, nascido na antiga União Soviética em 1967, noviorquino desde 1991, “âncora” e diretor musical da celebrada Mingus Big Band, que tocava no Jazz Standard, sempre às segundas-feiras. O baterista Rudy Royston continua firme na popa do conjunto da Tarantino.
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Como se sabe, firefly é aquele inseto coleóptero chamado no idioma pátrio de vaga-lume ou pirilampo, e que tem luz própria. E não há dúvida de que nesta seleção assim intitulada e já à disposição dos jazzófilos, Alexa confirma a sua luminosidade como solista e compositora, mas sempre sem pretender brilhar sozinha ou muito mais do que os outros. Tanto que, das doze faixas do programa, ela assina cinco. Mas só na última, The firefly code (5m55), é que faz menção direta ao bichinho de luz própria.
A propósito (ou não) o primeiro número da setlist é Spider’s dance (5m40). Ou seja, “dança da aranha”, um belo tema de autoria do pianista Hirahaa, desenvolvido pela líder do quinteto num cativante solo no sax alto – instrumento ao qual dá preferência em outros cinco títulos do programa. São eles os encantadores Iris (4m45) e Lady Day (6m30), de Wayne Shorter – este último com Kozlov solando no arco; o vertiginoso e “ornetteano” Rootless ruthlessness (6m40), com Hirahaa no piano elétrico (Rhodes); os igualmente originais Daybreak (4m) e Surge capacity (4m10).
Alexa Tarantino troca o saxofone pela flauta na já citada composição The firefly code, e ainda em Mindful moments (4m45), em La donna del giardino (4m35) e na breve Surge fughetta (1m35), todas também de sua autoria. Numa única peça, Violet sky (4m25), em tempo de canção, toca clarinete, e abre caminho para um solo de mais de um minuto do vibrafonista Behn Gillece.
Vale lembrar que Alexa foi descoberta pelo grande Wynton Marsalis, e foi por ele convidada para integrar a orquestra e o corpo docente da Jazz at Lincoln Center. E também que se associou à baterista-líder Allison Miller no conjunto feminino Lioness, com o qual gravou – dentre outros registros - o álbum DIVA + The Boys (MCG Jazz,2017), este abrindo exceção para a participação, como convidados, de “barbados” do brilho do clarinetista Ken Peplowwski e do trompetista Claudio Roditi (1946-2020).
(Ouvir Rootless ruthlesness em: <a href="https://soundcloud.com/posi-tone-records/alexa-tarantino-rootless" target="_blank" rel="noopener noreferrer" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://soundcloud.com/posi-tone-records/alexa-tarantino-rootless&amp;source=gmail&amp;ust=1620486649544000&amp;usg=AFQjCNGxcceylFrGo0awJxRf1F2w713DNQ">https://soundcloud.com/posi-tone-records/alexa-tarantino-rootless</a>)
(Samples de Firefly em: <a href="https://music.apple.com/us/album/firefly/1556115774" target="_blank" rel="noopener noreferrer" data-saferedirecturl="https://www.google.com/url?q=https://music.apple.com/us/album/firefly/1556115774&amp;source=gmail&amp;ust=1620486649544000&amp;usg=AFQjCNHwAgdO17xY4N9q7XnYAxmk8ip-Qw">https://music.apple.com/us/album/firefly/1556115774</a>)

ALEXA_TARANTINO

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