combate à violência

A parceria entre setores público e privado em favor da segurança pública

A empresa de mobilidade 99 tem parcerias com polícias para combater a violência contra as mulheres e facilitar chamados

Foto: Unsplash

Iniciativas que aproximam os setores público e privado em ações para impactar positivamente a sociedade são urgentes. Elas têm se tornado mais frequentes dianta da adesão das empresas à agenda ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês).

Investir nessas áreas se tornou praticamente mandatório, o que é visível pelo aumento dos investimentos privados nessas pautas, podendo chegar a US$ 53 trilhões (cerca de R$ 273 trilhões) em 2025, de acordo com a pesquisa ESG Radar 2023 da empresa de tecnologia da informação, Infosys.

Uma das frentes de atuação é, evidentemente, em áreas nas quais o poder público enfrenta maiores obstáculos – e demanda aportes de tecnologia e inovação, por exemplo. Além disso, em certa medida, a colaboração do setor privado pode ser vital quando se trata de áreas em que ela está em contato direto com a população.

A segurança pública é uma dessas áreas. Nessa linha, a atuação coletiva e integrada é fundamental para combater o aumento dos registros de violência de gênero – o Brasil bateu recorde de feminicídios em 2022, com uma mulher morta a cada seis horas no país, segundo o Monitor da Violência e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Para contribuir com esse combate, a 99, empresa de tecnologia focada principalmente em mobilidade, firma parcerias em favor da segurança pública. Em conjunto com as Delegacias de Defesa da Mulher do estado de São Paulo, a empresa se comprometeu a colaborar de forma contínua com as autoridades especializadas para combate à violência de gênero.

Também se comprometeu a participar de fóruns de discussão de políticas públicas e privadas para promoção da segurança da mulher. A medida visa não apenas proteger as passageiras que viajam com motoristas parceiros ou fornecer informações para investigações, mas a colaborar para iniciativas que prestem assistência a vítimas de violência.

É o que conta Tatiana Scatena, diretora de Segurança da 99: “A parceria tem um viés colaborativo e tem o objetivo de posicionar a 99 como empresa consciente do seu papel na sociedade e combate à violência de gênero. Como parte desta aproximação, todo o time de atendimento a incidentes críticos têm recebido treinamentos sobre atendimento humanizado às vítimas de violência, a ser ministrado por Delegadas da Delegacia da Mulher”.

Esse tipo de movimento já vinha acontecendo em parceria com organizações da sociedade civil, como a rede de acolhimento Justiceiras, por meio da qual as mulheres buscavam ajuda em situações de violência. Ou com o subsídio a corridas com destino a delegacias da mulher. Agora, isso se soma ao trabalho mais direto com o setor público, de modo a ampliar a atuação.

Scatena foi palestrante no Workshop Violência contra Mulher: Avanços e Perspectivas, que aconteceu em março na Academia de Polícia Civil de São Paulo, contando com a participação de todas as Delegadas responsáveis pelas DDMs do estado de São Paulo, membros do Ministério Público e Polícia Civil.

“A aproximação com o poder público é importante para a plataforma e para a sociedade que, cada vez mais, necessita de serviços de qualidade e com segurança”, comenta a executiva.

Ajuda nas chamadas à polícia

No Rio de Janeiro, também há uma iniciativa no mesmo sentido. Em maio, passou a funcionar na capital carioca o atendimento de emergência da Polícia Militar por meio de um botão instalado no próprio aplicativo da 99 – essa é a primeira cidade a contar com a funcionalidade, que servirá de experiência para a atuação da empresa no tema.

Depois de testada, a nova modalidade de acionamento de viaturas entrou em operação inicialmente na capital do estado como resultado de um termo de cooperação assinado no final do ano passado entre a Secretaria de Estado da Polícia Militar (SEPM) do Rio de Janeiro e a empresa.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro explica, em nota, que a integração do sistema entre as duas instituições permite aos usuários ou motoristas entrar em contato diretamente com os operadores com o Centro de Controle Operacional da Polícia Militar (Cecopom), responsável pelo Serviço 190. As equipes de atendimento do Cecopom realizaram treinamento de capacitação para operar com o novo sistema.

A partir da confirmação da corrida iniciada pelo aplicativo, o botão de emergência aparece na tela do celular do usuário e do motorista – nesse caso, embora possa ser especialmente relevante para as mulheres, ele pode ser acionado também em outros casos que não violência de gênero.

Quando acionado em situações que necessitem de intervenção policial, os operadores do serviço 190 recebem em tempo real a localização do veículo e os dados da viagem em que foi originada a chamada, aém do nome do motorista e do passageiro.

Para o secretário da Secretaria estadual da Polícia Militar, Luiz Henrique Marinho Pires, a nova instalação é “um novo e importante passo da Polícia Militar na sua estratégia de prestar um serviço de segurança pública mais ágil e efetivo aos cidadãos, empregando de forma crescente ferramentas digitais”.

De acordo com ele, a ideia é que o serviço possa se expandir para as demais regiões do estado do Rio de Janeiro, conforme sua consolidação se der na capital.

Tatiana Scatena, da 99, destaca o potencial desse tipo de iniciativas para alcançar um maior impacto na segurança pública: “A aproximação cria um ciclo positivo de trocas e colaboração com os atores dedicados à construção de programas de proteção das mulheres e promoção de uma opção de mobilidade acessível e segura”.